O Instituto de Comunicação Social da África Austral (MISA) denunciou hoje (18) a detenção na segunda-feira pelo exército moçambicano de três jornalistas estrangeiros e um moçambicano a caminho do distrito de Palma, norte de Moçambique.
O MISA identifica o jornalista moçambicano detido como Estácio Valoi não mencionando a identidade dos jornalistas estrangeiros detidos.
Além de Valoi e dos três jornalistas estrangeiros detidos, está também sob custódia das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) o motorista que os acompanhava.
“Os jornalistas foram detidos por volta das 09:00 de ontem, 17 de dezembro, pelas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), quando se encontravam a caminho de Palma idos de Chitolo, Mocímboa da Praia, onde estiveram a trabalhar”, diz a nota do MISA.
Os jornalistas comunicaram a sua detenção às 10:36 horas do mesmo dia e informaram que foram detidos pelas FADM.
Os profissionais alegaram que tinham autorização dos comandantes local e provincial para trabalharem naquelas zonas, acrescenta o MISA.
“Terminamos o trabalho em Chitolo, a caminho de Palma, um grupo de soldados mandou-nos parar. Disseram-nos que estavam a cumprir ordens dos que nos autorizaram a trabalhar aqui, levaram as nossas câmaras”, diz uma das mensagens enviadas pelos jornalistas, citada pelo MISA.
O organismo internacional adianta que os repórteres encontram-se detidos no Comando Distrital de Palma e está à busca de mais informações sobre o contexto, motivos e os protagonistas da detenção.
“O MISA Moçambique está preocupado com a situação e pede às autoridades a soltura dos repórteres e a devolução dos equipamentos apreendidos com os respetivos conteúdos recolhidos ao longo da investigação que foi feita com o aval das autoridades competentes”, lê-se no comunicado.
Os distritos de Palma e da Mocímboa da Praia, na província de Cabo Delgado, tal como outras zonas do norte de Moçambique, têm sido palco de ataques protagonizados por grupos armados, desde outubro do ano passado.
A violência já provocou dezenas de mortos, entre civis, membros das Forças de Defesa e Segurança e dos grupos armados, e deslocações de populações bem como destruição de propriedade.
Os grupos que protagonizam os ataques têm sido associados a tentativas de impor uma versão do islão diferente do que vinha sendo praticado na região, que vai conhecer nos próximos anos projetos de produção de gás natural.
AFRICA21 – 18.12.2018
NOTA: Desde o Presidente da República, ao Ministro da Defesa, passando pelo Comandante da PRM afirmaram ainda há pouco que se podia circular em todo o país. Afinal há zonas restritas e não anunciadas ao “patrão”. “Estamos trabalhar”, mas em quê?
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE