O ministro dos Negócios Estrangeiros de Cabo Verde classificou hoje de “ideal” a livre circulação dos cidadãos dos nove Estados da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e disse que, até 2020, haverá novidades neste sentido.
“O ideal seria termos uma livre circulação dos cidadãos. Eu acredito que isso é possível no quadro das nossas atividades”, disse Luís Filipe Tavares, em entrevista à agência Lusa.
O ministro explicou que Cabo Verde – atualmente na presidência da CPLP – tem estado a trabalhar e a negociar com os outros oito Estados, revelando “grande confiança” neste “trabalho coletivo”.
“Vamos derrubando os obstáculos que vão existindo. Acredito que vamos dar um grande passo no sentido de termos muito mais mobilidade no seio da CPLP durante a presidência de Cabo Verde”, adiantou.
Sobre o novo secretário-executivo da CPLP, o português Francisco Ribeiro Telles, que assume as funções na terça-feira, Luís Filipe Tavares disse que este é “um homem muito experiente, que conhece bem Cabo Verde e os países da CPLP”.
Francisco Ribeiro Telles “vai ter que trabalhar com os nove países. O conhecimento que o embaixador tem de Cabo Verde e dos outros países é um ponto positivo para ele”, disse.
“Ele conhece as culturas, as pessoas, as instituições. Vamos trabalhar com ele todos os dias para podermos implementar o nosso programa de atividades e cumprir uma das grandes ambições da CPLP que é ir mais longe na mobilidade”, adiantou.
A primeira parte do mandato de Francisco Ribeiro Telles, que foi embaixador de Portugal em Cabo Verde, será sob a presidência cabo-verdiana da CPLP, que identificou as “pessoas, a cultura e os oceanos” como temas essenciais.
“Queremos uma presidência de Cabo Verde muito ativa, temos um plano de atividades para cumprir”, afirmou, revelando que em janeiro terá uma reunião com o novo secretário-executivo da CPLP para “definir uma estratégia, uma forma de trabalhar”.
Relativamente a Cabo Verde, o ministro garantiu que os cidadãos podem contar com “uma grande determinação” e que em 2019 e 2020 existirão novidades sobre este assunto, mas também ao nível da cultura e dos Oceanos.
Questionado sobre para que serve a CPLP, o ministro começou por recordar que se trata de um conjunto de países – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné-Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste – que “comungam a mesma língua, a língua portuguesa”.
“Temos afinidades históricas muito importantes. Na Cimeira do Sal [em julho] recebemos mais países como Estados observadores associados, são países que quiseram de uma forma livre aderir ao espaço da CPLP”, referiu.
O ministro acredita que “a CPLP está a ganhar importância no seio da comunidade internacional. É um espaço político fundamental, espaço de diálogo, de partilha, de experiências e que se está a afirmar culturalmente, economicamente”.
Em termos de língua portuguesa, uma das propostas com que Luís Filipe Tavares quer avançar é a classificação como língua oficial das Nações Unidas.
“Temos um secretário-geral [da ONU] que é português, vamos trabalhar com ele no sentido de conseguirmos este objetivo que é estratégico para CPLP”, prosseguiu.
O embaixador português Francisco Ribeiro Telles foi eleito para o cargo de secretário-executivo pela XII conferência de chefes de Estado e de Governo da CPLP, em julho deste ano, na ilha cabo-verdiana do Sal, sucedendo à são-tomense Maria do Carmo Silveira.
LUSA – 29.12.2018