O comandante-geral da Polícia de Moçambique, Bernardino Rafael, defende que os ataques armados a locais remotos do norte do país não ameaçam os investimentos em gás natural naquela região.
“A instabilidade que amiúde ocorre não vai travar nenhum projeto”, referiu, citado hoje pelo jornal Notícias, na sequência de um encontro realizado na quinta-feira, em Maputo, com empresas de segurança privada.
O dirigente referiu que as autoridades estão no terreno, que as instituições públicas e privadas funcionam normalmente e que está assegurada a livre circulação de pessoas e bens.
“Não existe parcela do nosso país que não possa ser visitada por um nacional ou estrangeiro”, sublinhou.
No encontro com o comandante-geral da polícia estiveram presentes mais de 30 gestores de empresas privadas de segurança que prestam serviço à banca, hotelaria, corpos diplomáticos e indústrias alimentar, mineira, do petróleo e gás.
Desde há um ano, segundo números oficiais, já terão morrido, pelo menos, 100 pessoas, entre residentes, supostos agressores e elementos das forças de segurança.
A onda de violência em Cabo Delgado (2.000 quilómetros a norte de Maputo, no extremo norte do país, junto à Tanzânia) eclodiu após um ataque armado a postos de polícia de Mocímboa da Praia, em outubro de 2017. Na altura, dois agentes foram abatidos por um grupo com origem numa mesquita local que pregava a insurgência contra o Estado e cujos hábitos motivavam atritos com os residentes desde há dois anos. Depois de Mocímboa da Praia, têm ocorrido vários ataques que se suspeita estarem relacionados com o mesmo tipo de grupo, sempre longe do asfalto e fora da zona de implantação da fábrica e outras infraestruturas das empresas petrolíferas que vão explorar gás natural, na península de Afungi, distrito de Palma, no norte do país.
Os ataques intensificaram-se em Novembro e esta semana motivaram uma reação popular, disseram à Lusa fontes locais.
Habitantes de 12 aldeias do distrito de Nangade, um dos mais afetados, mataram na quarta-feira três homens que supostamente fazem parte dos grupos armados que atacam a região e capturaram dois.
LUSA – 07.12.2018