Cerca de mil pessoas que abandonaram suas casas e quase todos seus bens devido aos ataques armados em Cabo Delgado, tendo-se refugiado à Ilha do Ibo, necessitam de ajuda de urgência.
Segundo revelou o Administrador do Distrito do Ibo, Issa Tarmamade, a Ilha de Quirimba recebeu 120 deslocados, a vila sede acolheu 450 e outras 500 pessoas estão a viver na Ilha de Matemo.
“A maior parte das pessoas vêm do vizinho distrito de Macomia e foram recebidas pelos familiares e amigos, e as outras tivemos que abrigar em casas de famílias que de boa vontade aceitaram receber os deslocados, que precisam um pouco de tudo, especialmente comida e roupa”, confirmou Issa Tarmamade.
Para além de alimentação, de acordo com a fonte, o governo está preocupado com abrigos para os deslocados, uma vez que actualmente numa casa vivem cerca de 20 pessoas, e algumas acabam dormindo ao relento.
Entretanto, para evitar casos de fome e minimizar o sofrimento dos deslocados, o governo distrital, que não está em condições de ajudar aos deslocados, foi obrigado a lançar um movimento de solidariedade, que até ao momento teve apenas a resposta da Comunidade Islâmica de Cabo Delgado, que doou sete toneladas de produtos diversos.
“Na sua campanha de angariação de apoios para os deslocados que se encontram na Ilha do Ibo, conseguimos junto dos empresários da província farinha de milho, arroz, óleo, açúcar e sabão, que já foram entregues ao governo do distrito encarregado de fazer a distribuição”, disse Zaheer Rahimo, representante da Comunidade Islâmica de Cabo Delgado.
Os produtos, de acordo com Administrador do Ibo, vão ajudar a minimizar o sofrimento das vitimas, mas são considerados insuficientes devido ao elevado número de deslocados que a cada dia que passa vai aumentando.
O grupo armado que intensificou os ataques, em finais do ano passado, está a obrigar centenas de pessoas a deslocar-se para vilas e cidades, deixando para trás aldeias praticamente abandonadas.
O PAÍS – 13.01.2019