O técnico português fechou o seu ciclo de oito anos no Irão na Taça Asiática e muda-se para a América do Sul, para ser o novo seleccionador da Colômbia.
Muitas vezes nos últimos anos foi dada como certa a saída de Carlos Queiroz da selecção do Irão, mas desta vez o fim do ciclo é mesmo irrevogável. Depois da derrota (3-0) dos iranianos frente ao Japão nas meias-finais da Taça Asiática, o veterano técnico português deixou o cargo que ocupava desde 2011 para rumar a outro continente, a América do Sul, onde irá assumir os destinos da selecção colombiana. Mesmo tendo falhado os objectivos de vencer a competição continental e de ultrapassar a fase de grupos num Mundial, Queiroz deixou um legado no futebol iraniano difícil de igualar para quem lhe suceder, e obtido em circunstâncias difíceis.
Foi com uma frase tomada de uma música celebrizada por Frank Sinatra que Carlos Queiroz se despediu. “I did it my way” (Fiz as coisas à minha maneira”) explica bem como foram os oito anos de Queiroz à frente da selecção iraniana, um ciclo que se iniciou em Abril de 2011 e que terminou na meia-final perdida para o Japão. Queiroz pegou numa selecção com história no futebol asiático mas que estava em baixa, e, entre alguma oposição interna e muitas limitações ao seu trabalho motivadas pelo posicionamento do país no contexto geopolítico, conseguiu devolver o “Team Melli” a um lugar relevante no futebol do maior continente do mundo.
O próprio Queiroz também estava a precisar de se reabilitar depois de uma saída muito turbulenta da selecção portuguesa, e Irão deu-lhe essa oportunidade. O técnico retribuiu a confiança com dois apuramentos consecutivos para a fase final do Mundial (2014 e 2018), o segundo dos quais numa campanha quase perfeita que teve continuidade no torneio que se realizou na Rússia. Não só ganhou um jogo na fase de grupos (Marrocos), como criou enormes dificuldades a Espanha e Portugal (empate) e não esteve longe de se qualificar para os oitavos-de-final. Na Taça Asiática, mesmo falhando o acesso à final, Queiroz conseguiu colocar o Irão entre os quatro melhores, onde já não estava desde 2004, para além de ter ido mais longe do que em 2015 (quartos-de-final, eliminado pelo Iraque).
PÚBLICO(Lisboa) – 29.01.2019