A consultora Fitch Solutions considerou hoje que a eleição de Ossufo Momade para líder da Renamo vai manter "as alas política e militar do partido unidas", mas alertou para a possibilidade de instabilidade pré-eleitoral.
"Esperamos que a eleição de Ossufo Momade como líder da Resistência Nacional Moçambicana vá manter as alas política e militar coesas a curto prazo, nas vésperas das eleições de outubro", escrevem os analistas desta consultora detida pelo mesmo grupo que tem também a agência de notação financeira Fitch.
"Acreditamos que o histórico de Momade, quer na ala política, quer na ala militar da Renamo, dá-lhe a credibilidade necessária para garantir a unidade e a continuidade dentro do partido", acrescentam os analistas na nota enviada aos clientes, e a que a Lusa teve acesso.
No entanto, referem, "a falta de progresso nas negociações de paz, no seguimento da disputa das eleições municipais de 2018 aumenta os riscos de instabilidade nas vésperas e no seguimento das eleições gerais de outubro".
A Fitch Solutions antevê que a Frelimo continue a governar o país mantendo a maioria parlamentar "devido às vantagens de estar no poder há bastante tempo", mas diz que "há um precedente para os membros da Renamo questionarem os resultados das eleições e recorrerem à violência, e por isso os riscos de instabilidade aumentaram".
Mesmo que Momade defenda a continuação da paz, a Fitch Solutions diz que não pode "excluir a possibilidade de membros da ala militar do partido se rebelarem e retomarem os ataques", o que, a ocorrer, "poderia fazer redirecionar os recursos atualmente alocados à zona de Cabo Delgado, perto da fronteira com a Tanzânia”.
A acontecer, "isto pode fazer com que os ataques, que até agora estavam confinados a uma área isolada, se estendam a áreas onde as companhias internacionais estão a investir no setor dos hidrocarbonetos", concluem os analistas.
O líder interino da Renamo venceu as eleições para a presidência do partido, realizadas há cerca de duas semanas, tendo recolhido 410 votos, enquanto Elias Dhlakama recebeu 238, Manuel Bissopo teve sete e Juliano Picardo recolheu cinco votos.
Ossufo Momade, que já tinha sido designado coordenador interino da Renamo desde a morte do histórico líder, Afonso Dhlakama, em maio de 2018, teve a maioria absoluta dos votos dos quase 700 militantes presentes no congresso.
LUSA – 29.01.2019