RESUMO:
Essa tese analisa o universo da caça e dos caçadores no sul de Moçambique no período que se estende aproximadamente de 1895 até 1930. Para tanto, busco demonstrar quem eram os caçadores africanos, sua função social nas sociedades sob o domínio político do Reino de Gaza bem como desvelar como ocorria o processo de formação que os tornavam especialista em sua principal atividade: a caça. A captura de Gungunhana, último soberano do Reino de Gaza, em 1895, marcou a ocupação do sul de Moçambique pelos portugueses. Oito anos depois da derrota de Gaza, um grupo de caçadores portugueses propôs a criação de uma comissão de caça ao governador geral de Moçambique. A partir da atuação desses caçadores europeus, a análise se volta para os membros da comissão de caça, suas estratégias e objetivos na regulamentação da caça no sul de Moçambique, bem como em quais ideias estes caçadores brancos se inspiravam, além da propagada defesa da natureza. Por meio do estudo da relação entre caçadores africanos e europeus analiso como se deu a subordinação dos primeiros pelos últimos, examinado quais métodos coloniais de dominação foram utilizados neste processo. De certa forma, a nova conjuntura colonial punha os caçadores africanos em uma situação de clandestinidade. Por outro lado, a continuação das atividades de caça expressa por meio de novas modalidades, continuou dependente das habilidades de caça dos africanos. Eles eram contratados como especialista para decifrar os rastros dos animais, como guias de caçadores brancos e mesmo como carregadores. Por fim, mostra-se como as transformações analisadas neste estudo indicam caminhos para compreender melhor o que foi o colonialismo na África.
Leia aqui
Download CaçaMoçambique_Coelho_MarcosViniciusSantosDias_D(1)