Pelo menos 50 túmulos de menores foram profanados nos últimos três meses num cemitério da cidade de Chimoio, centro do país, caso que já está a ser investigado pelas autoridades.
O cenário, como constatou a Lusa no local, é recorrente: campas abertas, restos mortais de crianças que desaparecem e as vestes dos falecidos deixadas pelas cercanias do cemitério de Manhama, bairro de Trangapasso.
O incidente mais recente registou-se na madrugada de segunda-feira quando três túmulos foram profanados, deixando perplexa e indignada a população, que ainda não tem explicação para o sucedido.
"Estamos a estudar esta situação", disse Abreu Alface, líder do bairro de Trangapasso, adiantando que, como primeira medida e na sequência do sucedido, as autoridades tradicionais vão criar uma ala infantil naquele cemitério.
As autoridades policiais da província de Manica relacionam os casos com a prática de canibalismo e rituais satânicos, com ossadas humanas, traficada entre seguidores das crenças a preços que motivam a profanação das campas. Contudo, para o líder comunitário, há outras opiniões sobre a situação, algumas das quais do foro místico. Acrescenta que há quem defenda que mistura de funerais de nados-mortos após abortos da gravidez, crianças e adultos pode estar a provocar "uma zanga de espíritos" por contrariar os princípios tradicionais do cemitério.
Por prevenção, já foi feita uma cerimónia tradicional no cemitério, no sentido de "desvendar o mistério e ver se [a situação] vai melhorar".
Há também quem alvitre uma hipótese mais simples, de haver cães a revolver as campas, "porque estão a ser vistas patas" no local, precisou Abreu Alface. No entanto, para esta explicação, assume, a abertura dos caixões aparenta ser tarefa difícil.
Os cadáveres desaparecem por inteiro, dizem os membros da comunidade.
Rogério Joaquim, morador de Trangapasso, descreve o cenário de sucessivas profanações de túmulos como "muito preocupante".
Ele, como o resto da vizinhança, esperam que as cerimónias tradicionais, recentemente realizadas no local venham a resolver o problema.
LUSA – 26.02.2019
NOTA: Que mais faltará acontecer em Moçambique?
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE