O ciclone IDAI que fustigou a região Centro do país é tido, até então, como uma das piores e mais violentas calamidades que se abateu sobre Moçambique em particular, e o hemisfério sul no geral. A terrível situação que arrasou especificamente a cidade da Beira, provocando centenas de mortos e deixando milhares de moçambicanos na mais desgrenhada miséria causou comoção, diga-se de passagem, ao mundo inteiro.
A realidade mostra que os sobreviventes do ciclone IDAI vão precisar de ajuda pelo menos um ano para se recuperarem, facto que requer bastante apoio humanitário. Como resposta à tragédia dos moçambicanos, não falta(r)am iniciativas de apoio. Diversas organizações e organismo, tanto internacional como nacional, anuncia(ra)m as suas singelas doações. São milhões e milhões de dólares norte-americanos em dinheiro, bens e produtos para minimizar a dores dos afectados.
Consequentemente, o desatre do Centro de Moçambique também fez emergir os abutres de ocasião. Com os telemóveis nas mãos, os abutres de ocasião registavam a sua “acção supostamente degraça”. Numa atitude hipócrita e sem nenhuma réstia de sentimento, estes oportunistas espalham fotografias e vídeos, segurando um saco de qualquer alimento ou vestuário.
Mas mais do que esses abutres de smartphones nas mãos, há que temer os abutres cravados nas instituições e/ou do Estado, que têm estado a empurrar Moçambique para o abismo, devido a sua insanciável fome pelo bem comum. Exemplo disso, são os inúmeros casos de corrupção são reportados quase todos os dias.
Diga-se em abono da verdade que os abutres do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades são os que mais desejam a desgraça dos moçambicanos. É sabido, por experiência feita, que os nossos gestores de coisa pública têm mãos leves e, aproveitam-se do sofrimento dos moçambicanos para levarem água ao seu moinho e ampliarem os seus patrimónios pessoais. Por isso, não espanta o facto de estes reclamarem quando o país não enfrentam situações de cheias e outras calamidades naturais.
É sabido que nas situações como essas em que se vivem na região Centro assistiremos os nossos gestores públicos de calamidades a erguerem mansões e adquirindo viaturas luxuosas e de alta cilindrada, até porque é de sangue e da tragédia que se alimentam estes abutres da desgraça alheia. Aliás, os desastres naturais em Moçambique são vistos por alguns quadrantes como um meio de enriquecimento fácil.
Portanto, diante da má fama que o Governo da Frelimo tem no que diz respeito a falta de transparência, a corrupção, o desvio de fundos e bens e a ausência de prestação de contas, é, de facto, necessário uma auditoria externa às doações, tal como solicitado pela Cruz Vermelha de Portugal.
@VERDADE – 29.03.2019