Os campos verdes do distrito de Monapo, província de Nampula, a plantação do algodão substitui a tradicional cultura de alimentos.
Naquele ponto do Norte do país, os agricultores vivem literalmente do algodão e os lucros que conseguem no final da época mostram que, de facto, esta é uma cultura de rendimento.
Toda produção é comprada pela Sociedade Algodoeira de Namialo, a mesma que disponibiliza sementes e insumos agrícolas aos produtores da sua área de concessão. Ainda assim, a falta de processamento do algodão encarece a produção de roupa a nível nacional.
O algodão produzido em Moçambique passa por um pré-processamento para a retirada da semente e, depois de ser classificado em laboratórios, é exportado para países como Maurícias, Bangladesh, Singapura e Portugal. Apenas uma pequena parte vai para a indústria têxtil de Marracuene, na província de Maputo.
Com baixa produção e uma cadeia quebrada, a indústria têxtil está voltada ao esquecimento! Ao nível nacional, a única fábrica de produção de capulanas, peça de tecido muito usado pelas mulheres e não só, é Nova Texmoque, revitalizada depois da privatização em 2006.
Três anos depois, voltou a operar, mas os prejuízos com a importação do tecido desencorajam o investimento. A única indústria de produção de capulanas, no país, gasta mais de 50 milhões de dólares com a importação do tecido da Índia.
No passado, esta indústria tinha a cadeia completa – comprava o algodão localmente, produzia fios para o tecido e, por fim, a roupa. Mas agora, a parte da tecelagem não funciona devido aos custos para a importação da maquinaria. Por isso, pede-se incentivos fiscais para revitalizar uma indústria que já empregou muita gente.
O PAÍS – 17.03.2019