Por: António Zefanias
Escrevo estas linhas em momentos de Luto Nacional, decretado pelo Presidente da República, na reunião do Conselho de Ministros que decorreu na Beira, por sinal, a cidade que segundo estimativas preliminares, ficou destruída em 95 por cento, resultado da devastação deste maldito Ciclone IDAI que para as boas memorias, pelo menos dos residentes de Quelimane, lembra o NADIA, BONITA e por ai fora, que também não poupou a cidade e a província da Zambézia no geral.
Um pouco pelo mundo inteiro, não há jornais, televisões ou rádios que não falem desta tragédia que deixou por terra todas nossas esperanças de renascer, sabido que do outro lado (o da paz), estávamos à passos largos para ver o chamado “fumo branco”.
Aliás, não só se fala, mas também chegam de diversos cantos do mundo apoios de solidariedade não em papel, mas em coisas concretas, como comida, medicamentos, meios de salvamento, etc, porque afinal a vida humana deve estar em primeiro lugar para qualquer que seja o país ou nação.
É por causa desta solidariedade que muitas vezes, gente que se faz de bom coração nas televisões, rádios, jornais e outros meios, acobertados pelo sofrimento alheio, tentam à todo custo, tirar o pouco que deveria salvar aos necessitados para os seus interesses. Isto não é segredo para ninguém.
Pelo menos aqui na Zambézia, sempre que se registam situações desta natureza, há correntes de solidariedade, os apoios vem, mas no fim, há sempre gente a reclamar de fome, roupa e outros meios para sobrevivência.
O historial não mente. Aliás, não acontece só na Zambézia, acredito que um pouco pelo país, há gente que enriquece à custa do sofrimento alheio. E, olhando pelos danos que o Ciclone IDAI criou na Beira, Chimoio e parte da Zambézia, as cheias que assolam Tete e Zambézia, antevejo muito enriquecimento por parte de algumas pessoas.
Esta forma de ser mostra claramente que tipo de gente temos. No final, ou seja, quando esta situação estabilizar e as pessoas começarem a reerguerse, estejam atentos para verem alguns daqueles bens doados a serem aplicados nas machambas de alguns “graúdos”, nas suas Quintas.
E mais ainda, esta gente que deveria receber estes apoios, irá fazer o chamado “ganho-ganho” nos campos de cultivo dos desviadores de bens para receber aqueles bens, que por direito eram deles. Gente como esta deve ser denunciada, processada.
Para isso, estejamos atentos as propriedades privadas de maior parte dos nossos dirigentes para que, quando detectarmos uma situação destas possamos denunciar o mais rápido possível.
Não se pode enriquecer à custa do sofrimento alheio, porque afinal, aquela gente toda gostaria de viver a vida sem grandes chatices do que já tem, como custo de vida, aumento das tarifas de energia, tomate, água, só para citar alguns exemplos.
Vamos estar atentos à todos níveis. Este apelo é extensivo também às autoridades policiais que se calhar vão deixar camiões carregados de bens passarem a devida revista, sabido que a malandrice de algumas destas pessoas não tem medidas.
É preciso que todo camião com bens tenha a devida papelada, autorizada, assim minimizamos o nível de roubo que possa acontecer, embora reconheça também que o agente da Polícia basta que lhe digam que o camião é do chefe, ele nem se quer se preocupa em perguntar quem é o tal chefe, só se limita dizendo “as ordens... as ordens chefe”.
Basta de viver à custa do sofrimento alheio. Até próxima semana. Não falei nada.
DIÁRIO DA ZAMBÉZIA – 21.03.2019