A consultora Verisk Maplecroft afirmou hoje que a subida da Tanzânia para o terceiro lugar no índice de nacionalismo face aos recursos naturais torna Moçambique num país mais atractivo e "fiável" para as empresas de petróleo e gás.
O ‘ranking’ da consultora, hoje divulgado, coloca em primeiro lugar a República Democrática do Congo (RDCongo) e a Venezuela, em terceiro a Tanzânia e em quarto, a Rússia. Também a Coreia do Norte e o Zimbabué (5.º lugar), a Suazilândia (7.º) e a Papua Nova Guiné (8.º) são classificados como países de risco “extremo”, o mais elevado do índice, que contempla níveis “baixo”, “médio”, “alto” e “extremo”.
Moçambique, Angola e Guiné Equatorial são considerados países de risco “médio”, ocupando, respectivamente a 59.ª, 55.ª e 40.ª posição no Índice de Nacionalismo face aos Recursos (INR).
A Verisk Maplecroft explica que a subida da Tanzânia do nível de risco “médio” para “extremo” resulta da “guerra económica” lançada pelo Presidente Magufuli contra as grandes empresas mineiras em maio de 2017, com “implicações que vão para além do sector mineiro”.
“As empresas de gás natural e petróleo encaram, cada vez mais, o vizinho Moçambique como um parceiro mais previsível e fiável para desenvolver a exploração de gás natural liquefeito (GNL) 'offshore' (ao largo) do que a Tanzânia”, destaca a consultora.
Segundo a Verisk Maplecroft, enquanto o Presidente tanzaniano insistiu que as petrolíferas internacionais desenvolvessem as infraestruturas 'onshore' (em terra), o que exige mais despesas de capital, o Governo moçambicano permitiu o desenvolvimento 'offshore', “que é mais fácil de financiar, pois tem custos iniciais mais baixos e permite um acesso mais fácil ao mercado”.
A consultora realça ainda que, apesar do escândalo das dívidas ocultas, o governo moçambicano não recorreu a um “nacionalismo agressivo face aos recursos”, numa altura em que as petrolíferas se preparam para fazer as decisões de investimento para 2019 no sector GNL.
A Verisk Maplecroft destaca que 30 países, num total de 198, registaram um aumento nos riscos de nacionalismo face aos recursos no ano passado, incluindo 21 grandes produtores de petróleo, gás e minerais.
O INR mede o risco de expropriação, imposição de regimes fiscais exigentes e pressão para usar fornecedores locais de bens e serviços.
Além da RDCongo (que passou de 6.º para o 1.º lugar), dez outros países africanos viram os níveis de risco agravarem-se: Tanzânia (3.º), Zâmbia (17.º), Gabão (23.º) e Guiné Equatorial (40.º).
Índia (15.º), Malásia (30.º), Turquia (36.º), Iraque (42.º) e México (68.º) estão também entre os países produtores que registaram uma degradação do risco.
Lusa – 21.03.2019