Os resultados definitivos do Censo de 2017 revelam que após mais 10 anos de governação do partido Frelimo o futuro melhor não está no horizonte da maioria dos 27.909.798 moçambicanos que ficaram mais pobres. O Presidente Filipe Nyusi enfatizou que “os números falam” podem eles mostram que: o Produto Interno Bruto por pessoa reduziu, a maioria do povo continua a ser camponês, existem mais cidadãos a beberem água de fontes não seguras, aumentou o número de pessoas com latrinas não melhoradas e até os analfabetos aumentaram!
Dois anos após a sua realização, quase um ano depois da data inicialmente prevista para a sua divulgação e após dois adiamentos, enfim foram tornados públicos nesta segunda-feira (29) os resultados definitivos do IV Recenseamento Geral da População e Habitação que indicam que afinal não somos 28.861.863 moçambicanos, como indicavam os resultados preliminares, mas éramos 27.909.798 habitantes na “Pérola do Índico” em 2017.
Dentre várias alterações, aparentemente convenientes para o Governo, a mais significativa é da taxa de crescimento que os dados preliminares colocavam em 3,5 por cento, que seria sem precedentes e, de acordo com o Professor Catedrático de Economia da Universidade Eduardo Mondlane, poderia representar “o ponto de viragem para uma nova fase da transição demográfica moçambicana”.
Felizmente não se confirmou, “Nós estamos a um ritmo de crescimento agora de 2,8 por cento” indicou o Arão Balate, o director-geral de Censo e Inquéritos no Instituto Nacional de Estatísticas (INE).
Por seu turno o Chefe de Estado, que formalmente divulgou os resultados pouco depois das 11 horas, lamentou que o número da população não pára de aumentar “tendo estado a influenciar no cálculo dos indicadores a diferentes níveis”.
“A esperança mínima de vida dos moçambicanos sofreu incremento... da melhoria das condições de vida traduzidas por melhor acesso a Saúde e a Educação e melhoria das condições nutricionais dos cidadãos. Isto é uma realidade, os números como as minhas irmãs e os meus irmãos do grupo da estatística dizem os números falam. A esperança de vida em Moçambique em 1980 era de 43,6 anos, tendo reduzido para 42,3 anos em 1997 e incrementado sucessivamente para 50,9 anos em 2007 e com o Censo de 2017 a esperança de vida à nascença passou a 53,7 anos”, enfatizou o Presidente Filipe Nyusi.
Taxa de analfabetismo reduziu mas moçambicanos que não sabem ler nem escrever aumentaram
Nyusi destacou ainda que “(...) os resultados desta sequência de Censos permitem-nos afirmar com toda a segurança que, por exemplo, a taxa de analfabetismo tem vindo a reduzir, de 60,5 por cento em 1997 para 50,3 por cento em 2007, e o Censo de 2017 apurou agora que essa taxa está fixada em 39 por cento”.
Contudo o @Verdade descortinou, analisando cada um dos mais de 200 quadros relativos a parte dos resultados do Censo de 2017 e comparando-os aos quadros respectivos de 2007, que embora a taxa de analfabetismo tenha reduzido o número de moçambicanos com 15 anos e mais de idade que não sabem ler nem escrever aumentou de 7.102.368 para 10.502.200.
Nos números sobre o Saneamento, fundamentais para o combate a malária, cólera ou mesmo a desnutrição crónica, o Censo de 2017 indica que a taxa de acesso melhorou no global no entanto os moçambicanos que ainda usam latrinas não melhoradas também cresceu de 6.395.809 para 9.759.842.
Também crucial para prevenir os problemas de Saúde Pública é a qualidade da água que se usa para beber, o Censo de 2017 indica que 65,5 por cento de pessoas tem acesso a água potável, comparativamente aos 34,5 por cento de 2007, no entanto consumiam água não segura 48,7 por cento e agora já são 51,3 por cento dos moçambicanos.
Mais dramático torna-se quando se olha no detalhe, o @Verdade verificou que os cidadãos que consumiam água não potável eram 17.941.157 em 2007 e 10 anos depois esse número disparou para 20.412.291 moçambicanos.
Produto Interno Bruto por moçambicano reduziu
Outra revelação do Censo de 2017 é a falácia do Governo da criação de milhões de empregos, a ritmo de mais de 300 mil ao ano, dentre a população economicamente activa (aqueles que tem mais de 15 anos de idade que trabalham ou procuram activamente trabalho) que cresceu para 8.177.386 habitantes, 5.405.661 moçambicanos ainda estão no sector de Agricultura, Silvicultura e Pesca, onde os empregos são precários e sazonais, com agravante que 4.925.228 são camponeses. Há 10 anos atrás os camponeses eram 5.281.228. Também aumentou o número de empregados domésticos de 63.013 para 487.729 pessoas, mais de metade na Agricultura.
Sem trabalho seguro e vivendo no meio Rural, são agora 17.391.168 moçambicanos residentes no campo, comparativamente aos 14.100.249 de 2007, o povo que já foi apelidado de “maravilhoso” continua a viver em palhotas, cobertas de capim e com parede de adobe e os paus maticados completamente vulnerável à qualquer chuva mais forte. Aliás mais de 70 por cento das habitações afectadas pelos ciclones Idai e Kenneth são desse tipo.
Mostrando que o futuro melhor tão cedo não chegará para os moçambicanos, apesar do crescimento real Produto Interno Bruto ter sido superior a 7 por cento nas últimas duas décadas, o INE revelou que o PIB por cada moçambicano reduziu de 458 para 453 Dólares norte-americanos, entre 2007 e 2017.
Ao @Verdade o Ministro da Economia e Finanças desmistificou este indicador claro que os moçambicanos ficaram mais pobres: “PIB tem dois indicadores importantes que o influencia, primeiro a taxa de câmbio médio e também a taxa de inflação média dos últimos 10 anos, podemos crescer em PIB nominal mas o PIB real e calcula em Dólares depende da taxa de câmbio ”, esclareceu Adriano Maleiane.
@VERDADE – 30.04.2019
NOTA: Continuem a votar na FRELIMO...
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE