Alguns bairros de Pemba, capital provincial de Cabo Delgado, Norte de Moçambique, estão inundados devido à chuva forte que cai desde a madrugada, três dias depois do ciclone Kenneth atingir a região.
Alguns bairros "há água até à cintura", disse uma fonte das equipas de socorro das Nações Unidas que a par do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) estão a caminho de alguns dos bairros mais precários da cidade, tais como Paquite, Ingonane e Hinos.
É necessário "prestar auxílio" a residentes em perigo, disse um dos elementos à Lusa.
Algumas das principais artérias da cidade estão submersas sendo quase impossível circular nalguns locais.
O ciclone Kenneth dissipou-se no sábado, mas a depressão atmosférica que gerou tem continuado a provocar chuva com intensidade em diversas zonas das províncias de Cabo Delgado e Nampula.
Pemba tinha escapado à entrada do ciclone em terra, na quarta-feira, mas o pior acabou por chegar hoje.
No início da madrugada, o vento começou a soprar com intensidade, amainando de seguida para dar lugar à chuva forte, acompanhada de trovoadas.
O ciclone Kenneth foi o primeiro, desde que há registos, a atingir o Norte de Moçambique, onde provocou cinco mortos, segundo números oficiais e numa altura em que ainda decorrem levantamentos em zonas mais remotas.
Quase 3.500 casas foram parcial ou totalmente destruídas, pelo menos 16 mil pessoas foram afetadas pelo ciclone e há mais de 18 mil pessoas em 22 centros de acomodação.
Crianças em risco
Mais 368.000 crianças estão em risco e poderão necessitar de apoio devido ao ciclone Kenneth, a segunda grande tempestade a atingir o país em menos de seis semanas, indicou hoje a UNICEF.
O ciclone chegou na quinta-feira ao norte de Moçambique, à província de Cabo Delgado, classificado com a categoria quatro, a segunda mais grave, com ventos contínuos de 225 quilómetros por hora e rajadas de 270 quilómetros por hora, anunciou hoje o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitário (OCHA).
“Cabo Delgado não tem história de ciclones e estamos muito preocupados que as comunidades na zona não estivessem preparadas para a escala da tempestade, que coloca as crianças e as famílias numa posição muito precária”, disse Michel Le Pechoux, o representante adjunto em Moçambique do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), citado no comunicado da agência.
“O solo está saturado e os rios já estão cheios, por isso a emergência provavelmente piorará com as inundações nos próximos dias. Estamos a fazer tudo o que podemos para arranjar equipas e auxílio no terreno para manter as pessoas em segurança”, adiantou.
Segundo o comunicado, o número de deslocados também constitui uma preocupação dado o Kenneth ter “destruído até 90% das habitações em algumas aldeias”.
O número de mortos provocados pela passagem do ciclone , no norte de Moçambique, aumentou para cinco, revelou hoje
O primeiro-ministro moçambicano, Carlos Agostinho do Rosário, disse hoje que o ciclone já causou cinco mortos em Moçambique.
O Kenneth destruiu parcial ou totalmente quase 3.500 casas e provocou a queda da ponte sobre o rio Muangamula.
Segundo a UNICEF, trata-se da primeira vez desde que há registos que dois fortes ciclones atingem Moçambique na mesma época. O Kenneth segue-se ao Idai, que chegou ao país a 14 de março e deixou mais de 600 mortos e cerca de 1,85 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda.
LUSA – 28.04.2019