Este documento constitui uma denúncia anónima sobre a péssima situação que está a ser vivida na Televisão Independente de Moçambique – TIM, uma empresa de comunicação social de iniciativa privada, localizada na Avenida Patrice Lumumba, no 580, na cidade de Maputo.
• Propriedade da empresa
Neste momento a propriedade da empresa constitui uma dúvida.
Não se sabe se a empresa pertence a Trial Investimentos (Composta por Alexandre Rosa, Director Geral da empresa e Director Desportivo do Grupo Desportivo de Maputo – onde dedica a sua maior parte do tempo, Albino Mondlane, actual Director Comercial, e Alfredo Júnior, actual Director de Informação e que tem contratos com a VOA América e Supersport, empresas para as quais trabalha com todo afinco), grupo que, supostamente, tomou a direcção da empresa em finais de 2017 ou se a TIM ainda pertence ao antigo dono e actual Ministro da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, Celso Correia que até hoje em que, alegadamente, já não é dono da empresa têm sido relatado como o provedor dos poucos salários que foram/são pagos desde 2016.
Ainda sobre a actual direcção da empresa consta o Director dos Recursos Humanos, Zacarias Timbana, antigo quadro do INSITEC (empresa do suposto antigo dono da empresa), enviado de Celso Correia nos anos passados para reestruturar a instituição que já estava na banca rota. Curiosamente, é a este personagem, uma espécie de representação de Celso Correia na TIM, que a Direcção se submete e fica a saber se, por exemplo, haverá salário em determinado mês ou não.
• Situação dos trabalhadores
A empresa deve aos seus profissionais 12 – 13 salários.
Os trabalhadores da TIM, depois da reestruturação da empresa nos anos 2017 e 2018, ficou com perto de 30 trabalhadores. Este grupo vem sustentando a empresa e garantindo a sua permanência no ar dentro das dificuldades e total falta de condições, em termos psíquicos e de equipamento, para trabalhar como deve ser.
Esta equipa dedicada e paciente está a ser devida entre 12 a 13 salários.
- Em 2017, depois de ter ficado de Março até Novembro sem salário, a empresa decidiu pagar metade dos trabalhadores e a outra metade prometeu pagar em outro momento, o que não aconteceu. Assim, naquele ano, há profissionais que somaram oito (8) meses em dívidas (os que foram pagos em Novembro) e outros somaram nove (9) salários em dívida (os que não foram pagos em Novembro) correspondem ao ano de 2017;
- Um (1) salário em dívida corresponde ao ano de 2018 – neste ano o salário foi pago depois de guerras travadas na Comissão de Mediação de Conflitos Laborais;
- Três (3) salários correspondem ao ano de 2019 – ou seja, os trabalhadores ainda não tiveram nenhum salário deste ano.
É esta a explicação dos 12 – 13 meses em dívida. A TIM só paga, regra geral, quando há ameaça de paralisação dos trabalhos e/ou desligamento do sinal, entretanto, ainda assim tem falhado com o compromisso na maior parte das vezes.
• O comportamento da direcção face a situação
Direcção totalmente exigente e fragilizada, afinal não decide nada, na prática, o que sustenta a ideia de a empresa ainda estar sob égide do antigo dono, que colocou os “quatro mosqueteiros” na liderança da empresa (Alexandre Rosa, Albino Mondlane, Alfredo Júnior e Zacarias Timbana), e que já tinha problemas com pagamentos de salários desde 2015. Fala-se aqui de Celso Correia.
A vontade dos profissionais em trabalhar para a empresa é indiscutível, afinal são 13 meses em dívida, exigências e ameaças de demissões que caíram na paciência.
A pergunta que surge é – por que os trabalhadores não se manifestaram muito antes de a situação chagar a este ponto?
O anónimo aqui explica. É cultura da direcção da empresa, desde que começou com a cultura de dívidas, demitir os potenciais manifestantes e os que se manifestam – é isso que aconteceu em 2017 e 2016, em que mais da metade dos trabalhadores foram demitidos por exigir os seus direitos. A empresa confia no processo burocrático da justiça que dá tempo de manobra para o “manda-chuva” resolver a situação.
Agora restaram os que eles consideram mais calmos e que se sentem satisfeitos em, por exemplo, ocupar cargos de chefia e ganhar confiança da mesma direção que não paga pelo seu esforço e dedicação. Aliás, é devido a tanta passividade desses pais de famílias, digo, dos chefes dos sectores, que os “meros trabalhadores” consideram a possibilidade de haver quem recebe de baixo do pano para confortar os outros e ajudá-los a lamentar.
• O comportamento da direcção quando os trabalhadores questionam sobre os seus salários
A Direcção da empresa é uma inércia no que toca a busca de soluções, segundo os trabalhadores. Deles só vêm promessas e ameaças que referem que, quem não aguentar ficar mais a espera do que devia ter sido dado há muito tempo, que desista, porque, a empresa supostamente ainda está em reestruturação e a indemnização de alguns não leva mais de 15 mil, segundo eles.
Esta é uma postura decorrente do explicado no ponto anterior.
• Situação dos que foram demitidos
Estes tem sido pagos com esforço dos que produzem, ou seja, todo o esforço dos trabalhadores que restaram é dirigido aos “indemnizados” desde 2017. Estes recebem prioridade porque têm o caso no tribunal e os que continuam a manter a empresa são tratados como nada, desrespeitando as suas famílias que ficam sem o devido sustento.
Aliás, até estes indemnizados não tiveram, todos, os seus valores em dívida pagos e, dos que foram pagos, alguns não foi na totalidade. Essa situação prevalece desde Maio do ano passado.
Este mesmo tratamento é dado a quem decidiu largar o emprego por justa causa ou por outras oportunidades, o que revela total falta de responsabilidade de quem está a frente da empresa.
• Com esta situação toda, o que temem os profissionais da TIM?
No meio desta situação lastimável dos pacientes trabalhadores da Televisão Independente de Moçambique temem que, tal como tem dito várias vezes a direcção todos os dias, a empresa declare falência e os seus direitos não sejam salvaguardados.
É uma frase recorrente da TIM – “se não quiserem podemos fechar isto, declarar falência e não pagar a ninguém”, relatam os trabalhadores.
(Recebido por email)