Relatório destaca que FRELIMO teve maior cobertura dos media nas últimas eleições autárquicas. RENAMO considera que documento traz a descoberto a discriminação que existe no tratamento das formações políticas no país.
Um relatório de monitoria da cobertura dos media nas eleições autárquicas de 2018 realizado pelo Centro de Estudos Interdisciplinares de Comunicação revela que a FRELIMO teve uma cobertura de 34.7%, contra 29.3% da RENAMO, 28.9% do MDM e 7.1% dos restantes partidos e movimentos cívicos concorrentes.
Para Maria Mangueleze é a Directora Executiva do Centro de Estudos "de longe a FRELIMO teve maior cobertura, os jornalistas tiveram maior atenção em cobrir as atividades de campanha da FRELIMO".
Centros urbanos com maior cobertura
O estudo indica ainda que os principais centros urbanos como Maputo, Matola, Beira e Nampula foram os que tiveram maior destaque na cobertura dos media, seguidos de capitais provinciais e algumas de classe C e as pequenas vilas, mesmo as próximas aos centros urbanos, com baixo nível de cobertura.
"A cobertura cingiu-se, igualmente, na análise dos discursos de campanha dos candidatos e dos partidos concorrentes. As vozes dos cidadãos ocuparam menos de 1% dos artigos analisados", apontou a Diretora do Centro de Estudos Interdisciplinares de Comunicação.
"A campanha eleitoral envolve outros atores, envolve o cidadão que é o eleitor nesse caso e nós queremos saber quais são os anseios desses cidadãos em relação aos seus candidatos, como é que eles têm recebido a informação difundida pelos candidatos em relação as suas promessas", disse Mangueleze
Reagindo ao estudo, o porta-voz da FRELIMO, Caifadine Manasse, disse que a lei eleitoral estabelece os passos que devem ser seguidos nos espaços de antena reservados as formações políticas concorrentes durante as eleições.
"Não tenho aqui comigo dados que possam fazer acreditar que na verdade deu-se mais tempo a FRELIMO em detrimento de outros partidos. É verdade que a FRELIMO tem trabalhado mais na campanha eleitoral, tenta se visualizar mais. Provavelmente seja por essa razão que cheguem a esta conclusão".
Discriminação no tratamento
Já o porta-voz da RENAMO, José Manteigas, considera que o relatório de monitoria traz a descoberto as reclamações da oposição quanto a discriminação que existe no tratamento dos partidos políticos, mesmo em momentos eleitorais, pelo que o estudo devia "ajudar as redações dos órgãos de comunicação público e as direcções desses órgãos para que pugnem pela ética e deontologia profissional e sobretudo o respeito que se deve dar a todos os partidos políticos como atores no mesmo pé de igualdade".
Por seu turno, o Secretário Geral do Sindicato Nacional dos jornalistas, Eduardo Constantino, comentou sobre os resultados do relatório de monitoria da cobertura jornalística das autárquicas afirmando que "é verdade que nós não temos poder administrativo sobre os órgãos mas temos o poder de persuasão para que evitemos situações que nos levem a ser considerados como estando a violar o código de conduta eleitoral".
DW – 15.04.2019