Aliado do ex-Presidente Kabila e ex-ministro de Mobutu, Sylvestre Ilunga Ilunkamba acaba de ser nomeado primeiro-ministro. Desconhecido pela maioria dos congoleses, o septuagenário promete dedicar-se ao setor social.
Nomeação de Ilunkamba estava prevista no acordo feito entre Felix Tshisekedi (esq.) e o seu antecessor, Joseph Kabila (dir.)
Quase quatro meses depois de ter tomado posse, o Presidente da República Democrática do Congo (RDC), Felix Tshisekedi, nomeou esta segunda-feira (20.05) Sylvestre Ilunga Ilunkamba, um veterano do governo, para o cargo de primeiro-ministro, em substituição de Bruno Tshibala, que tinha sido nomeado por Joseph Kabila em 2017.
A nomeação de Ilunkamba já estava prevista no "acordo político" feito entre Felix Tshisekedi e o seu antecessor, Joseph Kabila, "para a criação de um governo de coligação", disse o porta-voz da presidência, Kasongo Mwema Yamba Yamba.
Em declarações à imprensa no final de um encontro com Tshisekedi, Sylvestre Ilunga Ilunkamba agradeceu a Kabila, que o propôs como primeiro-ministro, pela "confiança" e anunciou como prioridades "o setor social, a educação, a saúde, a segurança e a paz."
Um veterano desconhecido
Natural da antiga província de Katanga, Sylvestre Ilunga Ilunkamba, de 73 anos, era até agora diretor-geral da Empresa Nacional de Caminhos de Ferro (SNCC). Antes disso foi diretor-geral do Comité Nacional de Reformas das Empresas Públicas (COPIREP).
Com uma carreira política de quase 40 anos, iniciada na década de 1970, Ilunkamba foi conselheiro de Mobutu Sese Seko - ditador deposto em 1997 - e várias vezes ministro, entre 1980 e 1987. É doutorado em economia pela Universidade de Kinshasa.
Há quem descreva o novo primeiro-ministro como "um tecnocrata". Mas o deputado Pius Muabilu, da Frente Comum para o Congo (FCC), a coligação de Joseph Kabila, define-o como uma figura conciliatória e "um homem muito experiente".
Apesar de ser um veterano do Governo, o septuagenário próximo de Joseph Kabila é um desconhecido para a maioria dos congoleses, especialmente para os jovens, que esperam do novo primeiro-ministro mudanças que tenham impacto no seu quotidiano.
A sua gestão dos Caminhos de Ferro, uma empresa que enfrenta sérias dificuldades financeiras, também tem levantado dúvidas sobre a sua capacidade de enfrentar os desafios económicos da RDC. Para Yves Kitumba, porta-voz da coligação da oposição Lamuka, esta nomeação significa "a continuidade do regime da FCC, que continua com a sua má gestão."
O maior desafio do novo primeiro-ministro será agora manter o equilíbrio entre a coligação FCC, formada por mais de 18 grupos políticos, e a Coligação para a Mudança (Cash), do Presidente Tshisekedi.
DW – 21.05.2019