Pecado é na perspetiva cristã, um ato mau que fere a natureza humana, no transgredir da Lei de Deus, nos seus 10 mandamentos.
Ora, a Lei de Deus, nesses mandamentos, tem duas vertentes. Uma, é do amor que é devido para com Deus e a outra, do amor devido para com os outros. Nesta segunda vertente, que poderíamos classificar como de âmbito social, o 7º dos seus mandamentos diz que, todas as pessoas têm direito às suas propriedades. Tirar uma propriedade pessoal é um pecado, mas, neste caso particular, existe um nome próprio que o classifica, e ele é, roubar.
Nessa mesma perspetiva, os pecados podem ser perdoados, mas uma condição é exigida: o do arrependimento. Todavia em certos casos, como no do referido 7º mandamento da Lei de Deus, uma outra condição condicionada ao perdão: o da restituição do bem roubado.
Muitos cristãos se interrogam sobre qual irá ser o julgamento de Deus, sobre todos aqueles que morrem, sem se arrependerem, dos muitos pecados que foram cometendo ao longo das suas vidas. A conclusão a que chegam, é a de que, certamente pagarão no Céu, por esse mal praticado.
Existe um erro neste tipo de raciocínio, que me foi alertado em tempos, pelo Padre Abel Paulo Guerra SJ, que me casou em 1966 em Quelimane. É que nessa conclusão, há uma exceção que, como sabemos, confirmam a regra. Ela está nos chamados pecados sociais, porque a esses, pensando bem, pela sua própria essência, pagam-se todos cá na terra, e não no céu.
Assim sendo, me interrogo de como Portugal irá pagar. a conivência no roubo que me foi feito aos meus bens pessoais, deixados em Moçambique, fruto do trabalho de três gerações. A minha herdade, sete lojas, casas, prédios, tudo me foi retirado pelo governo moçambicano de ideologia comunista, com a alegação de que… eram do povo (?).
No que diz respeito a Moçambique, foi fácil ver as consequências da implementação das ideias do socialismo científico, no seu roubo: passou de uma província portuguesa excecionalmente próspera e rica, para o terceiro país mais pobre do mundo, com muitos dos seus cidadãos a virem a morrer de fome.
No entanto, até agora, não consigo descortinar uma relação entre a afirmação do Pe. Guerra e a concretização da mesma, no que diz respeito a Portugal. Talvez esteja distraído, ou a procurar onde não devia.
Mas, observando agora a evolução política no meu país, vejo um cadenciado e lento balancear para o regime comunista. Certamente que, com o colapso do marxismo leninismo em quase todo o mundo, aqueles que ainda têm esse regime político como ideal, vão-se diluindo em partidos mais suaves, tais como os do Bloco de Esquerda e o do Socialismo. No fundo, o que advogam é um Estado grande e preponderante, tolerando o setor privado numa posição secundária, e, nacionalizando-lhes os seus bens, sempre que podem.
Essa irá ser a paga social, atribuída a todos os nacionais de Portugal, pela posição que tomaram depois do 25 de Abril, em relação aos portugueses que, na História, engradeceram a sua Nação no Ultramar, deixando-os depois ficar debaixo da tirania do partido político comunista, a quem os entregaram. O povo português, esse ficou com a vista toldada pelo logro das ideias do socialismo. Para aí se viraram, para aí irão ficar.
Será assim? Certamente que o futuro pertence a Deus, mas as sociedades são construídas pelos homens, não por Ele. Mas todas as ações humanas têm as suas consequências. “Guarda a espada na bainha. Pois todos os que usam a espada, pela espada morrerão”, Mat. 26-52, diz Jesus Cristo a S. Pedro, ao ser preso no Monte das Oliveiras.
João Maria Neves Pinto