A empresa sul-africana Tongaat Hullet comunicou verbalmente aos trabalhadores da fábrica de açúcar de Mafambisse, centro de Moçambique, e ao Governo que vai abandonar a actividade nesta região, disse hoje à Lusa o secretário do comité sindical da unidade.
António Bassopa, secretário do comité sindical da Fábrica de Mafambisse, afirmou que membros da administração disseram que a Tongaat Hullet está a atravessar dificuldades financeiras que tornam inviável a operação naquela unidade.
Os representantes da companhia disseram que Mafambisse está “a dar prejuízo, que já não se podem manter aqui", declarou Bassopa.
A empresa, localizada na província de Sofala, paralisou o cultivo da cana para a produção de açúcar em 2020 e mantém a atividade com a matéria-prima produzida em 2018, acrescentou.
"Até agora, os salários têm sido pagos regularmente, mas parece que querem acabar a cana deste ano e saírem daqui", frisou.
O encontro entre os representantes da Tongaat Hullet decorreu no gabinete do administrador de Dondo, onde se situa a fábrica de Mafambisse, e foi convocado após pressão dos trabalhadores.
"Apercebemo-nos de que os equipamentos de produção de cana estão a ser desativados e os administradores da fábrica estão a retirar bens pessoais das suas residências na fábrica", afirmou o secretário do comité sindical.
António Bassopa adiantou que a Tongaat Hullet informou que vai manter a operação na Fábrica de Xinavane, a maior açucareira do país, na província de Maputo, sul de Moçambique.
Bassopa disse que a retirada da Tongaat lança para uma situação de incerteza os cerca de 3.500 trabalhadores de Mafambisse, a menos que seja encontrado um novo investidor.
A açucareira é detida em 85% pela Tongaat e em 15% pelo Estado moçambicano, através do Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE).
A Lusa ainda não conseguiu ouvir a posição da Tongaat Hullet nem do Governo em relação à situação em Mafambisse.
LUSA – 21.06.2019