O Governo indiano ofereceu ajuda a Moçambique para combater os grupos armados que atuam no norte do país desde outubro de 2017, anunciou em comunicado o executivo de Nova Deli.
"Moçambique procurou a cooperação da Índia para lidar com a crescente ameaça do terrorismo e da radicalização. Rajnath Singh [ministro da Defesa indiano] assegurou a cooperação e reiterou o compromisso de trabalhar juntos nesse sentido", lê-se no comunicado de imprensa divulgado na página da Internet do Ministério da Defesa da Índia.
Rajnath Singh reuniu-se na segunda-feira em Maputo com o seu homólogo moçambicano, Atanásio M'tumuke, para discussões sobre cooperação na área da defesa.
Na ocasião, a Índia doou duas embarcações para patrulha marítima à Marinha de Guerra de Moçambique.
Os dois governos assinaram ainda um memorando sobre hidrografia e partilha de informações entre os dois Estados.
O executivo de Nova Deli ofereceu ainda 44 viaturas ao Serviço Nacional de Investigação Criminal de Moçambique (Sernic) avaliadas em 638 mil dólares para fortalecer a capacidade operativa desta instituição.
O ministro da Defesa da Índia afirmou que o donativo faz parte de um pacote de ajuda no valor de 4,5 milhões de dólares destinados ao Ministério do Interior de Moçambique para o período 2010-2020.
A Índia foi um dos primeiros países a estabelecer relações político-diplomáticos com Moçambique, após a independência do país africano em 1975, mas os laços bilaterais têm sido reforçados nos últimos anos, com o interesse indiano nos recursos energéticos de Moçambique.
A província de Cabo Delgado, palco de uma intensa atividade de multinacionais petrolíferas que se preparam para extrair gás natural, tem sido cenário de ataques de homens armados desde outubro de 2017, ações que já provocaram mais de 200 mortos.
As dezenas de detenções na região não têm conseguido conter a violência, multiplicando-se ataques e acusações de abusos de direitos humanos contra as Forças de Defesa e Segurança.
As Nações Unidas já alertaram para o aumento das ações de "grupos terroristas" e de tráfico de droga em Moçambique, com destaque para o norte, considerando que o país está vulnerável após a passagem este ano de dois ciclones (Idai e Kenneth), um dos quais atingiu Cabo Delgado.
LUSA – 30.07.2019