Arlindo Victorino, jornalista da Rádio Comunitária Nacedje , em Macomia, ficou detido por uma semana, alegadamente por não ter pago custas judiciais ao tribunal e indeminização por difamação a uma funcionária da empresa Electricidade de Moçambique (EDM).
A sua detenção ocorreu no dia 2 de Julho corrente. Segundo confirmaram familiares e colegas foi solto esta terça-feira, após a intervenção da Delegação do Instituto de Comunicação Social de Cabo Delgado, proprietária da rádio, que supostamente terá avançado parte do valor que levou o jornalista à Cadeia Distrital de Macomia.
“Ele foi capturado na rua, por volta das 16 horas e foi levado directamente para a cadeia, onde ficamos a saber que o caso que ele tinha no Tribunal é antigo e ainda não tinha chegado ao fim”, contou um familiar que preferiu o anonimato.
Segundo apurou “O País”, tudo começou em 2016, com a publicação de uma notícia onde a população denunciava irregularidades na expansão de energia electrica e cortes constantes que deixavam muitos clientes as escuras.
Na tentativa de obter reacção das denúncias apresentadas num comício orientado pela antiga administradora de Macomia Joaquina Nordine, o jornalista deslocou-se a EDM de Macomia, onde encontrou Merina Afonso, a queixosa no processo.
De acordo com informações, depois de várias tentativas que redundaram num fracasso, na sua última insistência, Arlindo Victorino, que estava a ser aconselhado a contactar a secretária distrital para o esclarecimento de um caso da EDM, decidiu gravar a conversa sem o consentimento da Merina, que acabou sentindo-se ofendida ao ouvir a sua voz num dos blocos informativos da Radio Comunitária de Nacedje.
O caso parou no tribunal, e de acordo com a sentença, o jornalista foi condenado a pena de prisão de um ano, convertida em multa, que no entanto por razões desconhecidas não chegou a pagar.
Oficialmente não é conhecido o valor total que consta na sentença, mas “O País” sabe que Arlindo Victorino ainda deve pagar cerca de 25 mil meticais ao Tribunal e 30 mil de indeminização a Merina Afonso, a funcionaria da EDM, que supostamente precipitou-se a submeter a queixa a justiça, antes de ter tentado exigir o direito a resposta no órgão de comunicação social, segundo prevê a lei.
Nos últimos três anos, jornalistas em igual número da Rádio Comunitária de Nacedje em Macomia, pararam na barra da Justiça. Além de Arlindo Francisco, outros dois, Amade Abubacar e Germano Adriano, são outros dois jornalistas que ficaram detidos este ano por cerca de 100 dias, e aguardam decisão da justiça em liberdade, num processo relacionado com os ataques armados em Cabo Delgado.
VISÂO – 12.07.2019