NUMA primeira votação, do Orçamento Autárquico, a oposição, em Alto-Molócuè, Zambézia, ganha vantagem à custa do voto solitário do único deputado do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), André Manuel Txetema.
As bancadas da Frelimo e da Renamo possuem 10 membros cada, num universo de 21, sendo que o único que completa esse quadro é precisamente o vice-presidente da assembleia municipal, MDM, André Manuel Txetema.
Após chumbo inicial, as regras estabelecem uma segunda votação, oportunidade para eventuais negociatas entre as bancadas, antes da próxima sessão agendada para esta semana. Na semana passada, precisamente o deputado do desempate foi alvo de copiosa porrada, em sua própria residência, estando por estes dias, entre a vida e a morte, no leito hospitalar.
A primeira suspeita recae sobre o que se desenrolou na última sessão da assembleia municipal e o que estava por vir esta semana, prevista para os deputados confirmarem, ou não, os resultados da última votação, Frelimo no poder, fruto das eleições de outubro de 2018.
Sem rodeios, o MDM suspeita que a sova de que o seu militante foi alvo, está relacionada com a votação da semana passada e o que seria da próxima sessão. Nestes casos, as regras orientam a dissolvição da assembleia municipal, dando lugar à realização de eleições intercalares.
Por perceber o passo seguinte, se a sessão avança sem o vice-presidente do desempate, ou fica por realizar enquanto o indivíduo continua a contorcer-se de dores, no leito hospitalar, onde se encontra a receber tratamentos intensivos. Não foi para menos. O homem, para além da sova, contrariu ferimentos graves resultantes de queimaduras e, consta, também de balas disparadas pelos que pretendiam fazer-lhe secar o nariz.
Não conseguiram. Pelo menos até estes parágrafos, Txetema dava mostras de estar a resistir a todas as contrariedades, para o desagrado dos seus atacantes. Num outro fio de raciocínio, este assunto arrasta algumas inquietações, que têm ganho corpo desde o incidente. Essas correntes questionam o para lá do DDR, sugerindo que uma vez desarmada, a Renamo, essencialmente em processos eleitorais, acabará fragilizada e à mercê dos esquadrões da morte, em virtude de os militantes já não terem consigo, as suas ‘menininhas’ (AKM’s) que durante décadas impõe respeito para quem quer que seja.
A verdade é que estas e outras contrariedades ainda não têm interferido directamente no processo da Desmobilização, Desmilitarização e da Reintegração (DDR), de tal modo que ainda recentemente, foi anunciado o mapa dos centros de acantonamento eleitos pela Renamo.
Por ora, urge que torcemos no sentido de o Txetema resistir aos ferimentos e muito rapidamente recupere o assento da vice-presidência municipal.
EXPRESSO – 08.07.2019