Por Lawe Laweki
Será lançado no Centro de Conferências das TDM em Maputo a 29.08.2019 pelas 16:00 horas o livro “Mateus Pinho Gwenjere: Um Padre Revolucionário”.
Lawe Laweki, autor da obra, conheceu o Padre Mateus Pinho Gwenjere em 1964, quando estudava no Seminário de Zóbuè em Moçambique. Vários anos mais tarde, veio a encontrá-lo na FRELIMO em Dar es Salaam, na Tanzânia; e em Nairobi, no Quénia, onde ambos viveram no mesmo bairro.
O livro retrata a história da vida deste padre católico do centro de Moçambique que se juntou a FRELIMO na Tanzânia em 1967. Confrontado com a realidade dentro do movimento, em pouco tempo colidiu com a direcção da FRELIMO. Logo após a independência em 1975, foi sequestrado de Nairobi, Quénia, onde vivia exilado e morto pelo governo da FRELIMO.
O livro destaca os pensamentos religiosos do Padre Gwenjere bem como as suas activitidades sociais e políticas. Segundo ele, a Igreja Católica em Moçambique estava dividida em duas Igrejas durante o período colonial: a “Igreja Salazarista”de Dom Gouveia, que defendia os interesses do regime colonial português, e a "Igreja Profética" de Dom Sebastião Soares de Resende, que defendia o direito do povo moçambicano à autodeterminação. “A Igreja não pode ter apenas preocupações místicas. Deve também preocupar-se com as questões sociais … Os missionários portugueses estão a prejudicar o Cristianismo ao não cumprirem a missão que lhes foi confiada pela Igreja”, disse o Padre Gwenjere à sua audiência nas Nações Unidas, em Nova Iorque, em 1967.
Ele estava envolvido na luta pela independência assim que foi ordenado ao sacerdócio, defendendo os direitos das pessoas, a sua cultura e a sua língua, mobilizando pessoas para a desobediência civil, exortando as pessoas a se recusarem a cultivar algodão e a serem removidas das suas terras, e enviando jovens moçambicanos para a Tanzânia para se juntarem à FRELIMO.
O livro é um apelo para uma genuína reconciliação no seio da família moçambicana, o que necessariamente implica que o governo da FRELIMO revele onde o padre Gwenjere e outros líderes nacionalistas; incluíndo o Reverendo Uria Simango, Paulo Gumane, Adelino Gwambe, Lázaro Nkavandame, Casal Ribeiro, e Dra. Joana Simeão; foram enterrados para que possam receber dos seus familiares um enterro condigno.
O livro é igualmente um apelo para que se sarem as feridas e o governo da FRELIMO reconheça que, embora os chamados “contra-revolucionários” tivessem opiniões diferentes da liderança da FRELIMO, eles foram combatentes genuínos da liberdade que merecem o respeito e o amor do povo moçambicano.
Um aperto de mão com os familiares dos nacionalistas falecidos, durante este período em que o governo da FRELIMO está empenhado em alcançar a paz e a reconciliação, seria um gesto nobre por parte dos líderes da FRELIMO e o maior presente que poderiam entregar ao Santo Padre, Papa Francisco, que visita Moçambique numa missão destinada a promover a “Esperança, Paz, e Reconciliação”.