Por Edwin Hounnou
Parece um paradoxo, mas, é tudo verdade. Pode, para alguns incautos, parecer uma mentira, porém, os factos desmentem os discursos, aparentemente, bem-intencionados de Filipe Nyusi, presidente do partido Frelimo que, pelos quatro cantos do país e do Mundo, diz que quer paz e reconciliação entre os moçambicanos. Num passado recente, víamo-lo a percorrer a densa floresta e perigosa da Gorongosa para se encontrar com o falecido líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, a fim de, com ele, discutir os possíveis caminhos que pudessem levar, apenas, ao silêncio das armas. Por fim, assinou um acordo de paz, que chamam de paz definitiva, o que deixa a entender que os anteriores não o eram.
Foram, sistematicamente, violados tendo, por isso, o país voltado a mergulhar-se em conflitos armados, em diversos momentos. Este último acordo poderá, isso sim, ser mesmo defi nitivo no que diz respeito aos tiros porque a outra parte, a RENAMO, vai ficando, cada vez, com menos dentes e não pela efi cácia dos entendimentos porque o partido Frelimo só pode cumprir o que melhor lhe convier e não o que foi acordado.
Analisando bem o curso dos acontecimentos, podemos afi rmar que todas as guerras que conhecemos, no país, depois do acordo geral da paz, 1992, foram provocadas pelo partido no poder. O povo sofreu as consequências de uma guerra injusta por ambição de um grupo de indivíduos. Estamos convencidos de que estas eleições de 15 de Outubro não serão do advento do clima de paz e reconciliação porque as coisas, a partir pelo recenseamento eleitoral, começaram mal. Quando se parte de premissas erradas, não pode haver dúvidas de que se vai chegar à conclusão errada.
A província de Gaza ganhou 329 mil eleitores fantasmas para que a balança possa pender para o partido governamental, adiantando no tempo em mais 20 anos, quer dizer, Gaza teria esse número de eleitores apenas em 2040. Portanto, não poderão ser eleições fraudulentas que irão resolver a problemáti ca da paz e reconciliação.
A opulência e ganância com que o partido no poder se apresenta, facilmente, se pode dizer que continuaremos a ter um Partido-Estado que tudo abocanha e a todos discrimina, aliás, como tem sido sua prática desde a independência.
A pobreza, o roubo de bens públicos e a corrupção ganharão maior ímpeto. O desemprego, desfl orestamento e o saque das riquezas nacionais – do solo e subsolo -aprofundar-se-ão cada vez mais. A existência de tantos recursos como minerais, uma das maiores centrais de geração de corrente eléctrica, milhões de hectares de terra arável, mais de 60 rios de curso permanente de água, o povo continua no matope da pobreza como, também, constatou o Santo Padre Francisco.
A pobreza que nos envolve não é nenhuma fatalidade do destino, mas, resulta das políticas a que fomos sujeitos desde 1975, ano da independência nacional. O povo pode inverter este triste cenário. Deus não condenou os pobres a permanecerem na pobreza e os ricos a fi carem cada vez mais ricos. Nós podemos mudar o nosso destino, bastando, para tal, não votar naqueles que nos estão enterrando na pobreza.
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