Enchimentos de urna no Chinde
Em Alto Molócuè também há julgamento
Mais de 10 pessoas, maioritariamente funcionários públicos, no distrito de Chinde, sul da Zambézia, foram constituídos arguidos pelo Tribunal Distrital do Chinde, na sequência dos casos de enchimentos de votos na urna, aquando das eleições que tiveram lugar no dia 15 de Outubro corrente, cujos resultados anunciados neste domingo, deram vitória a Filipe Nyusi e ao partido Frelimo.
Dos funcionários constam os nomes de Boaventura José Furruma, director do STAE e pedagógico da Escola Secundária de Chinde, Juvenal José Noronha, chefe da repartição SOOE STAE de Chinde e coordenador da escola, Emília Saísse, Simon Guerra Giguera técnicos do STAE, Selvina Ribeiro Rubato técnica do STAE, Joaquim Armando Povo, delegado marítimo de Chinde, Saul Saul, um funcionário da administração (infraestrutura) que alegava ser observador, Catarino Sumila Zacarias técnico do STAE, Leidito Florindo Armando 1° vice-presidente da Comissão Distrital de Eleições de Chinde, Anjo Moniz Charomar, Director da escola Filipe Samuel Magaia, Bruno Mendes professor, Nuro de Noronha Maugente jovem taxista e filho de chefe da localidade da Matilde, Lucas Monteiro Vidro, funcionário do Registo e Notariado do Chinde.
Mesmo com o anúncio dos resultados, a responsabilidade criminal não “morre”, dai que, depois de receber a queixa apresentada pelo partido Renamo, através do seu mandatário distrital, Vasco Choe, o Tribunal viu que há matéria para incriminar os cerca de 10 funcionários. Caso curioso é que alguns destes funcionários, uns são dos Órgãos de Administração Eleitoral, portanto, os que deveriam ter a noção de que qualquer tentativa de fraude é crime e é punido por lei.
Mas o que terá acontecido? O caso de Chinde não difere dos outros tantos, que este país registou e consta dos anais da história de um processo eleitoral jamais visto em termos de fraude. No dia das eleições, estes cidadãos imbuídos no espírito de ajudar o partido Frelimo, votaram mais que uma vez.
Sorte ou azar, os seus nomes foram inscritos nas actas e por força da lei, estes documentos devem ser entregues ou visualizados pelos delegados de candidatura dos partidos políticos concorrentes.
Atento a estas manobras, o mandatário da Renamo naquele ponto da província, recolheu todas actas, compulsou-as e viu que muitos nomes coincidiam em muitos postos de votação. Não são apenas os do STAE, mas também pode-se ver nos documentos o nome do delegado da Administração Marítima, directores de escolas, etc. Por se tratar de crime, o expediente foi remetido ao Tribunal para os devidos efeitos.
Já nas mãos do Juiz, este decidiu notificar os acusados e marcou a sessão de julgamento para esta terça-feira (29).
Paralelamente a isso, no distrito de Alto Molócuè, também está marcada uma sessão de julgamento para o mesmo dia, onde a Renamo aponta um Presidente de uma das mesas em ter facilitado a entrega de boletins.
No Ile, também já houve um julgamento do género, aguardando-se a sentença. Aliás, por falar de sentença, o Diário da Zambézia sabe que a cidadã que tinha sido flagrada com boletins de votos no dia 15 de Outubro, em Mocuba na EPC de Mangulamelo foi condenada por 6 meses de prisão efectiva pelo Tribunal Judicial do Distrito de Mocuba. (Nhama Armando)
DIÁRIO DA ZAMBÉZIA – 28.10.2019
NOTA: Será que todas estas pessoas agiram por sua conta e risco? Ou foram instruídas superiormente para tal? Mas isto é apenas uma amostra do que aconteceu no resto do país.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE