O silêncio da cumplicidade!
Do Tribunal de Booklyn, em Nova Iorque, chegam indícios quase irrefutáveis de que o partido Frelimo e os seus dirigentes receberam muitos milhões de dólares na farra da distribuição dos valores das chamadas dívidas ocultas, supostamente feitas a favor de três empresas públicas. Nas revelações que têm estado a ser feitas, ficou-se a saber, esta segunda-feira, que só o Comité Central da Frelimo recebeu, através da sua conta domiciliada no Millennium bim, um total de 10 milhões de dólares. Os pagamentos foram parcelados em pequenas porções, num processo de transferências iniciado às 14 horas e 58 minutos do dia 31 de Março e terminado a 3 de Julho de 2014. Entretanto, perante gravíssimas revelações, o partido Frelimo, que segundo a CNE venceu as eleições de 15 de Outubro, continua em silêncio. Ninguém da Frelimo quer falar do recebimento de USD 10 milhões das dívidas ocultas
O silêncio da cumplicidade!. Nenhum dirigente aceita abordar publicamente o assunto. Eles decidiram fechar-se em côpas, talvez confirmando o ditado “quem cala consente”. Aliás, as provas apresentadas por agentes do FBI são cristalinas e inquestinaveis. Está tudo registado. São datas, horas, tipos de transação, contas envolvidas e todos os detalhes que revelam um esquema em que a lógica era mesmo distribuir dinheiro por todos envolvidos num esquema que levou as firmas de rating a colocar Moçambique no lixo.
Mais do que isso, são dívidas que pioraram as condições de vida de milhares de moçambicanos, tendo em conta que os recursos que deviam ser encaminhados à criação de condições básicas de vida foram desviadas para o início de pagamento da dívida.
Ontem, por diversas vezes, procuramos chegar à fala com o porta-voz da Frelimo, Caifadine Manasse. Várias tentativas não foram satisfeitas. Simplesmente, Manasse não atendeu às nossas chamadas. Tempo depois, ele mandou uma mensagem dizendo que não poderia falar, naquele momento. Mandamos sms, o porta-voz partidário preferiu manter o mutismo. Respondeu nada. Simplesmente ignorou a mensagem na qual pedíamos um “comentário breve” sobre a transferência de 10 milhões para o Comité Central da Frelimo.
A transferência foi feita a partir de uma conta de uma empresa subsidiária da Privinvest, do libanês Iskandar Safa, a Logistics International SAL offshore, domiciliada no Gulf First Bank Abu Dhabi. Depois tentamos contacto com o Secretário-Geral da Frelimo, Roque Silva. Também preferiu o silêncio. Este nem um simples sinal indicando impossibilidade de falar mandou. Preferiu mesmo o silêncio. Um silêncio absoluto.
MEDIA FAX – 31.10.2019
NOTA: Tanto barulho se fez com os nomes de Ndambi Guebuza ou Carlos do Rosário e outros e um silêncio absurdo sobre a Frelimo.
Nada pode ser comparado em gravidade entre as pessoas envolvidas e o próprio partido Frelimo. Quando o partido Frelimo (partido do governo) recebe dinheiro deste é quase certo que foi resultado de um complot ao mais alto nível. Não há como duvidar pois tudo foi dito pelo agente do FBI no julgamento em Nova York e divulgado pelo CIP.
São as televisões, os jornais, a oposição e o povo que, calados, fazem com que a Frelimo(dona disto tudo) nada diga. Mas não precisa dizer nada. Quem tem que dizer algo é a PGR. Porque espera?
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE