O comando-geral da polícia acusou hoje homens armados da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, de serem os autores de ataques no centro do país.
“Para as forças de defesa e segurança, são homens armados da Renamo [os autores dos ataques]”, declarou Orlando Modumane, porta-voz do comando-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), em conferência de imprensa.
A acusação é baseada em testemunhas e informações recolhidas no terreno, adiantou, apontando a detenção de “quatro indivíduos” que ainda estão a ser ouvidos, na sequência dos ataques.
“Pelo uniforme que trazem, uniforme verde, são homens armados da Renamo”, insistiu.
Questionado se a autoproclamada Junta Militar da Renamo, que já tinha ameaçado realizar ataques, não estará por detrás das ações armadas na região Centro, o porta-voz do comando-geral da PRM disse que, para as autoridades, os dissidentes são parte da Renamo.
“Mariano Nhongo faz parte da Renamo, esses que têm perpetrado esses ataques também são homens armados da Renamo”, enfatizou.
Orlando Modumane disse hoje que as Forças de Defesa e Segurança reforçaram as operações nas zonas onde ocorrem ataques armados no centro de Moçambique e garantiram que “é seguro” circular nos troços alvos de ações armadas.
“As forças de defesa e segurança reforçaram as linhas operativas, há patrulha intensa, há patrulha ostensiva nesses focos, tudo para inibir a perpetração desses ataques”, disse.
O porta-voz da PRM adiantou que não foram reativadas escoltas militares para a circulação na Estrada Nacional 1 (EN1), na província de Sofala, centro do país, e na Estrada Nacional 6 (EN6), na província de Manica, na mesma região, que registaram ataques nos últimos dias.
O mesmo tipo de violência naquela região aconteceu em 2015, em período pós-eleitoral, quando Afonso Dhlakama (antigo líder da Renamo) rejeitou a vitória da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, mas negando o envolvimento nos confrontos.
A zona Centro de Moçambique foi historicamente reduto da Renamo e palco de confrontação armada com as forças governamentais até dezembro de 2016, altura em que as armas se calaram, tendo a paz sido selada num acordo subscrito em 06 de agosto.
A Renamo já negou responsabilidades pela atual vaga de ataques no centro do país.
LUSA – 30.10.2019