O embaixador da União Europeia (UE) em Moçambique defendeu hoje em Pretória a criação de uma aliança estratégica coordenada com o Governo do Presidente Filipe Nyusi para lidar com o fenómeno do extremismo violento no norte daquele país africano lusófono.
"É importante estabelecer uma aliança estratégica e coordenada com vista a identificar a ameaça com que nos deparamos e criar abordagens que permitam salvaguardar a sustentabilidade regional [África Austral]", afirmou hoje António Sánchez-Benetido Gaspar na abertura de um seminário sobre extremismo violento na África Austral, na capital sul-africana.
Segundo o diplomata, a atual insegurança na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, ameaça alastrar-se à região Austral do continente africano, nomeadamente à vizinha África do Sul e aos países do 'interland' (sem acesso ao mar).
"Não temos 40 anos ao nosso dispor para ações que não produzem resultados. Temos que encontrar soluções para mitigar este problema nos próximos cinco anos", salientou.
"É necessário considerar novos métodos para lidar não só com as causas deste fenómeno, mas também com a sua possível evolução e as mudanças rápidas que ocorrem devido à digitalização e tecnologia, entre outros", salientou o diplomata.
"É interessante notar que nos últimos dois anos o envolvimento da UE no combate ao extremismo violento aumentou comparativamente ao combate às atividades de terrorismo", frisou.
No caso de Moçambique, o embaixador europeu considerou depois à Lusa que o Governo moçambicano deveria liderar uma estratégia compreensiva para fazer face à crescente violência em Cabo Delgado, tendo em conta os diferentes actores no terreno.
"Como parceiros, estamos aptos a assistir, mas temos também de contar com as comunidades locais, as organizações da sociedade civil e também com as empresas privadas, não só aquelas que estão a operar no sector do gás e petróleo, mas de todas as indústrias", afirmou.
"Pode haver um partilha por parte do Governo e uma aliança estratégica em que todos podemos investir mais na criação de condições melhores para as populações locais, oferecendo serviços básicos, criando oportunidades de emprego para os moçambicanos no quadro de uma abordagem multifacetada", declarou à Lusa António Sánchez-Benedito Gaspar.
A conferência, subordinada ao tema "Como lidar com a ameaça do extremismo violento na África Austral", é organizada pela União Europeia (UE) em coordenação com parceiros regionais, nomeadamente o Instituto de Estudos Segurança (ISS) da África do Sul, e reúne hoje na capital sul-africana investigadores, académicos, diplomatas, e especialistas em terrorismo e segurança regional para analisar o fenómeno emergente de grupos radicais em Moçambique e no sul de África.
LUSA – 27.11.2019