(Mercenários russos, hoje, em Fernão Veloso,Nacala)
Dezenas de pessoas, que fogem de ataques armados de insurgentes, nos distritos a norte de Cabo Delgado, ficaram, ontem, 21, aglomerados nas margens do rio Rovuma, depois de ter sido negada a sua entrada na Tanzânia, por tropas locais, soube a VOA de testemunhas.
“As pessoas tentaram atravessar o rio Rovuma (separa Moçambique e a Tanzânia), mas as duas embarcações foram devolvidas pelas forças tanzanianas,” disse um residente de Palma.
A fonte descreveu o “desespero” de dezenas de mulheres e crianças, que ficaram com as suas trouxas, nas margens do rio.
“São famílias que para trás deixaram tudo o que construíram em vários anos, devido ao medo, e agora enfrentam dificuldades de se refugiarem em lugares seguros,” disse à VOA Selemane Algy, activista local.
Não existem estatísticas oficiais, mas milhares de pessoas refugiaram-se na Tanzânia desde o inicio dos ataques, em Outubro de 2017. Mais de 350 pessoas foram mortas e centenas de casas de população pobre incendiadas por homens armados.
Mais ataques
Nas ultimas duas semanas foram intensificados os ataques armados de insurgentes a aldeias dos distritos de Macomia, Palma e Muidumbe, provocando uma nova vaga de deslocados de aldeias remotas.
As pessoas, disse um residente da aldeia Maganja, estão a fugir “por causa do medo”, porque os atacantes iniciaram incursões junto de aldeias próximas de projectos de gás, que tiveram a segurança redobrada desde meados deste ano.
“Eles (os insurgentes) não estão a atacar muito longe daqui; estão a atacar muito perto (da zona de reassentamento dos megaprojectos)” acrescentou a mesma fonte.
Na semana passada, oito pessoas foram mortas e três feridas num ataque de homens armados naquela aldeia, e hoje, 21, ocorreu outro ataque sem vitimas, disse outro residente.
Tentativas de contactar o administrador de Palma não resultaram. Este distrito faz faz fronteira com a Tanzânia, através do rio Rovuma.
VOA – 22.11.2019