A decisão sobre o pedido da Renamo de uma sessão urgente do parlamento para esclarecimentos das dívidas e violência armada vai ser conhecida após a reunião da comissão permanente da Assembleia da República na próxima semana, disse fonte parlamentar.
"A resposta ao pedido da Renamo será conhecida depois da reunião da comissão permanente, no dia 20 de novembro", disse à Lusa Ivone Soares, chefe da bancada parlamentar da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).
A Renamo pediu a convocação de uma sessão urgente do parlamento para o Governo prestar esclarecimentos sobre as dívidas ocultas e a violência no Norte do país.
"É urgente que o Governo vá à casa do povo explicar-se", disse José Manteigas, porta-voz da Renamo, no fim do mês passado, em conferência de imprensa, na sede nacional do partido, em Maputo.
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, foi referenciado no julgamento das dívidas ocultas, em Nova Iorque, por alegadamente ter recebido um milhão de dólares da Privinvest para a sua campanha presidencial de 2014.
O seu antecessor, Armando Guebuza, e a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) também surgiram em testemunhos e documentos de transferências do estaleiro naval acusado de corrupção para montar empresas marítimas e contrair dívidas ocultas, garantidas pelo Estado moçambicano, no valor de 2,2 mil milhões de dólares, entre 2013 e 2014.
Outro pedido está relacionado com os ataques que têm tido lugar nos distritos de Cabo Delgado, há dois anos.
A região Norte do país vê-se a braços com ataques de grupos armados desde outubro de 2017, após anos de conflitos latentes entre muçulmanos de diferentes origens, com a violência a nascer em mesquitas radicalizadas.
Pelo menos 300 pessoas já morreram, segundo números oficiais e da população, e 60.000 residentes foram afetados, muitos obrigados a deslocar-se para outros locais em busca de segurança, segundo as Nações Unidas.
Numa ação concertada com petrolíferas que ali constroem os maiores megaprojetos de gás natural de África, o Governo tem intensificado a resposta militar com apoio logístico da Rússia, mas os ataques continuam e estão a perturbar as obras na península de Afungi.
Além do pedido da Renamo, a comissão permanente da Assembleia da República vai debater outros temas.
As sessões plenárias regulares do parlamento devem ser retomadas no próximo ano, após a posse dos novos deputados eleitos em 15 de outubro, mas a Renamo pede uma sessão urgente.
LUSA – 12.12.2019