Por Major Manuel Bernardo Gondola
No ano de 20[20], vamos valorizar mais as pessoas do que as coisas.
Vamos em 20[20] procurar dar trabalho ao maior número possível de pessoas, talvez não estejamos desta forma produzindo directamente mais riquezas mas, estaremos certamente conferindo mais [dignidade] a um número maior de famílias moçambicanas.
Vamos também em 20[20] valorizar as pessoas, dando a cada uma habitação condigna, maternidade condigna, transporte condigno, boa alimentação, uma educação/saúde correctas. Ou seja, uma possibilidade de cada uma participar efectivamente no desenvolvimento do País não só demagogicamente mas através de uma parcela de seu resultado económico …, principalmente através da participação na construção de seus resultados.
Vamos em 20[20] valorizar as pequenas empresas, aquelas em que o relacionamento humano ainda prevalece e as pessoas não se transformam em peças de engrenagens.
Vamos valorizar a [obra] das nossas próprias mãos, o nosso próprio trabalho e suor, fazendo-o simplesmente bem melhor deixando para lá…, o “roubo”, a “mistificação” e o “desleixo”.
Em 20[20] vamos valorizar as nossas Escolas e Universidades, nossos meios de comunicação social, nossas famílias fazendo deles muito mais do que focos de preocupação económica mas locais de transmissão de valores éticos, que tanto abandonamos nestas últimas décadas.
Vamos em 20[20] valorizar o futuro; as gerações dos nossos [filhos e netos], que têm o direito de esperar que nossa “avidez”, nossa “ganância” e nossa sede de “lucro” imediato não inviabilizem o País que lhes deixarmos. Tem importância também o seguinte aspecto: em 20[20] o bem-estar de cada moçambicano[a] e de cada família moçambicana baseie-se não na propriedade pessoal mas…, sim no trabalho garantindo e no aumento dos fundos sociais de consumo. Vou assinalar também que em 20[20], que a maior das moradias/casas pertençam ao Estado, que as distribua de graça e o aluguer não ultrapasse [3/4%] da receita total de uma família com rendimento médio. Destarte, como vamos fazer de 20[20] o ano de uma verdadeira independência ética contra:
O culto de personalidade, o laxismo, o narcisismo, o masoquismo, o roubo no aparelho do Estado, a ansiedade [luxo], o ressentimento, a [intolerância], relatórios distorcidos, fraude, poltrão, deslealdade [assimetrias regionais], indisciplina no trabalho, ociosidade, gatunice e [gatunos], peculato, má qualidade de ensino, favoritismo/corrupção, conflito de interesses, falsidade ideológica,….
Em Moçambique esta lista deveria ser acrescida de um item que adquire uma importância cada vez maior. É a filosofia do “desleixo” que vem se manifestando em todos os aspectos da vida cultural [nacional] como: «Não vai adiantar eu mudar; afinal o País inteiro está assim». Eliminamos a passividade de ficarmos esperando que com o tempo as coisas melhorem. Tornamo-nos alguém que está contribuindo para a mudança da sociedade em vez de sermos como acontece mais um adicionado aos muitos e múltiplos problemas já existentes no País.
A partir de 20[20] tenhamos a consciência todos de que, tudo é uma questão de perspectiva. Direccionemos as nossas energias para aquilo que não podemos aceitar nunca. Destarte, vamos transformar em 20[20] as acções erradas em hábitos elevados, vamos interromper o ciclo de repetição dessas atitudes [erradas] e começarmos a experimentar uma influência benéfica nos pensamentos, palavras e consequentemente nos relacionamentos familiares, no trabalho, no chapa, na rua, Escola, Universidade e amizade.
Em 20[20] vamos experimentarmos ser um [farol] para iluminar e ajudar a guiar o País; concentrando-nos na solução e não nos problemas; direccionando todas as nossas energias para atingirmos nossos objectivos deixando para lá pensamentos negativos.
A clareza, afrouxamento nítido entre o certo e o errado, sem normas éticas vinculativas, sem padrões ou sem modelos de referência, que infelizmente não se ensina mais nas Escolas, Universidades e nas famílias e que se pratica cada vez menos na actividade profissional, você vê; traz para o nosso País sem que se perceba um imenso volume de problemas.
Mas…, será que as Escolas, Universidades e as famílias podem ensinar a ética em 20[20]?
A resposta a pergunta deveria ser evidente: os acontecimentos [dramáticos] ao nível político, económico, social e…, até cultural do ano que agora está reconhecendo seu fim e já no limiar do novo ano inscrevem a necessidade da ética pelo menos face aos abundantes exemplos negativos para a nossa cultura [sociedade].
Quando por exemplo, deixamos implícito, que a integridade é um factor inerente ao carácter da pessoa, estamos a afirmar que de facto o papel da Escola, da Universidade e das famílias é [providenciar orientações] sobre como devemos fazer escolhas éticas. Sob outros aspectos «se tudo que somos hoje é fruto das nossas acções, as acções que desempenhamos no presente». Mas creio, que se realmente quisermos um dia nos relacionarmos em termos de responsabilidade, seguramente seremos um País feliz e próspero. Destarte, quando entendermos isto perceberemos todos a grande responsabilidade que temos pelo pensamento, palavra ou acção que desempenhamos.
Há a percepção de que [nós] mesmos e ninguém mais criamos nosso destino através de nossas próprias acções. Desta forma, enfrentamos os revezes e dificuldades com coragem e dignidade; «entendendo que devemos pagar nossas dívidas e não alimentar sentimento de revolta ou autopiedade». Sob outro aspecto lembremo-nos se tudo que somos hoje no País é [fruto] das nossas acções anteriores. Ou seja, as acções que desempenhamos no presente logicamente irão criar [reverberar] nosso futuro.
Portanto, está em nossas mãos nós moçambicana [o]s o futuro que quisermos a partir do ano de 20[20]. Certamente, quando entendermos isto, todos nós, do Rovuma ao Maputo, do Zumbo ao índico, perceberemos a [grande responsabilidade] que temos pelo pensamento, palavra ou acção que desempenhamos.
Manuel Bernardo Gondola
Planalto dos Makondes/CD [29] de Dezembro 20[19]