Em modo resposta aos incentivos do comandante-chefe aos militares em Cabo Delgado, ataque destruidor ontem e anteontem em Mahate e Bilibiza.
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NÃO passavam dias desde Filipe Nyusi em Montepuez, numa unidade militar, quando anteontem e ontem grupos armados invadiram o posto administrativo de Bilibiza, queimando o Instituto Agrário local.
Ontem, desta feita em Mahate, tal como em Bilibiza, distrito de Quissanga, os indivíduos vandalizaram casas de habitação e infraestruturas públicas, incluíndo estabelecimentos de ensino. O governo português é referenciado a lamentar o sucesso, ele que tem fundos injectados no Instituto Agrário de Bilibiza, de maioria da Fundação Aga Khan.
Até estes parágrafos, o executivo de Maputo não havia reagido ao sucedido, de resto normal acontecer quando a situação é adversa. Tanto um quanto outro ataque, ocorreram dias depois de Filipe Nyusi, presidente da República, logo, comandante-chefe das Forças de Defesa e Segurança (FDS), ter estado numa das unidades militares estacionadas no norte de Cabo Delgado, numa missão que pode ser interpretada de incentivo aos militares que têm estado no confronto armado com o inimigo.
Na altura, Nyusi sugeriu aos militares no sentido de passarem à ofensiva, em detrimento de defesa, anotando a importância de se conhecer o rosto dos ‘patrões’ pelos ataques, situação que passa pela captura de alguns integrantes do grupo, com vista à busca de informação que leve as autoridades a perceber a génese e a ideologia do grupo “cobarde”, segundo o PR. “Estámo aquí”, sublinhou o comandante-chefe na altura, em Montepuez, vestido a rigor militar.
Foram precisos alguns dias desde a tal visita, para quarta e quinta-feira, do distrito de Quissanga, surgirem informações de ataques contra residências precárias, construídas com base em material local, ainda estabalecimentos de ensino, incluíndo o referenciado Instituto Agrário de Bilibiza.
Entretanto, circulam informações de eventuais recrutamentos compulsivos de jovens, na província de Maputo, protagonizados por supostos militares. Confrontado o Ministério da Defesa Nacional, diz não conhecer o assunto, embora sem desmentir a ocorrência, mas alertando para enchentes de jovens candidatos a militar na tropa, acabando por embaraçar os processos de recrutamento, dada a enorme procura.
Noutro local deste mesmo jornal:
TEMOS para nós que a estratégia nos últimos tempos utilizada nos ataques em Cabo Delgado, se confunde com a da guerrilha de Dhlakama, durante 16 anos. Já não atacam apenas civis e forças de defesa e segurança, priorizam destruição da economia. Durante a guerra civil, para ferir o governo, a Renamo destruia postes de transporte de energia eléctrica, estradas e pontes e outras infraestruturas de vulto, até levar o arqui-rival à mesa negocial. Hoje, os tais insurgentes adoptam a mesma táctica. A queima em Quissanga acontece dias depois de Filipe Nyusi ter estado em Montepuez, com a tropa.
EXPRESSO – 31.01.2020