Governo e Renamo continuam a trocar acusações
O Presidente da República, Filipe Nyusi, voltou a acusar a Renamo e a sua liderança de não estarem a colaborar para o cumprimento do calendário de implementação do Desarmamento, Desmobilização e Reintegração dos homens armados da Renamo, segundo definiu o Acordo de Paz Definitivo, assinado, ano passado, na cidade de Maputo.
Falando, sexta-feira, no Palácio da Ponta Vermelha durante a saudação do corpo diplomático acreditado em Moçambique, o Chefe de Estado disse que vai exigir, da liderança da Renamo, maior colaboração. “Exigiremos maior colaboração da liderança da Renamo porque nada justifica existir pessoas que matam as populações… nem em nome da democracia” – disse Filipe Nyusi, reconhecendo que o ritmo da implementação do DDR não é, pelo menos,
aquele que foi pensado e definido aquando da assinatura do último acordo de paz.
Na verdade, há muito que a implementação do DDR está completamente com os prazos vencidos e, de quando em vez, o governo e a Renamo têm estado a trocar acusações sobre as razões por detrás do actual ritmo.
Ossufo Momade, na primeira pessoa ou através do porta-voz ou do Secretário - Geral do partido, diversas vezes apareceu em público acusar o Governo de ser o responsável pelo não cumprimento do calendário. Nos seus argumentos, a Renamo tem estado a dar indicação de que, o governo tem informações necessárias sobre o efectivo a fazer parte do processo, incluindo até locais em concreto onde actualmente se encontram. Assim, defende, cabe ao governo fazer andar o processo.
A Renamo tem estado a dizer publicamente que o governo deve simplesmente organizar o que considera “desmobilização condigna”. Ainda no âmbito da relação com a Renamo, Filipe Nyusi voltou a dizer, diante dos diplomatas acreditados em Moçambique, a necessidade de ter de ser a liderança da Renamo a buscar mecanismos de conciliação interna, assegurando que a Renamo de Mariano Nhongo pare de atacar populações na região centro.
Em torno disso, recorde-se, Ossufo Momade, presidente da Renamo, já tinha acusado o Governo de ter acarinhado e alimentado a criação de Mariano Nhongo como estratégia para descredibilizar a Renamo e seu candidato aquando da preparação da votação de 15 de Outubro.
MEDIA FAX – 17.02.2020