Umaro Sissoco Embalo, declarado vencedor da eleição presidencial da Guiné-Bissau pela Comissão Nacional das Eleições (CNE), tomou posse numa cerimónia simbólica como Presidente da República nesta quinta-feira, 27.
De seguida, o Presidente cessante, José Mário Vaz, entregou-se a Presidência, depois da passagem de testemunho.
O presidente da Assembleia Nacional Popular, órgão que dá posse aos Chefes de Estado, Cipriano Cassamá, demarcou-se da sessão especial convocada pelo primeiro vice-presidente do Parlamento, Nuno Gomes Nabiam.
Cassamá qualificou o ato de “usurpação de competência na forma consumada”.
Ao intervir, Umaro Sissoco Embalo, disse que a sua Presidência “simboliza a inauguração de nova era da dignidade, paz e progressos para os guineenses”.
“Juro por minha honra defender a Constituição e as leis, a independência e a unidade nacionais, dedicar a minha inteligência e as minhas energias ao serviço do povo da Guiné-Bissau, cumprindo com total fidelidade os deveres da alta função para que fui eleito", afirmou Umaro Sissoco Embaló, com o braço direito levantado, antes de assinar o termo de posse na presença do Presidente cessante José Mário Vaz.
No seu discurso, Embaló disse que "para que se realize o sonho de Amílcar Cabral e dos nossos mártires da independência, que é também o nosso sonho por uma vida melhor, impõe-se, hoje, um novo começo, a refundação do Estado Guineense e das suas instituições", acrescentando que "nós vamos redundar o Estado, congregando as vontades nacionais em torno de novos alicerces, novas causas, consubstanciando valores e aspirações partilhados pelos guineenses no século 21".
A faixa presidencial foi colocada primeiro vice-presidente do Parlamento, Nuno Gomes Nabian, perante os aplausos dos seus apoiantes presentes num dos hotéis de Bissau.
Depois da sua intervenção, Umaro Sissoco Embaló dirigiu-se ao Palácio Presidencial, acompanhado José Mário Vaz, que, depois de uma cerimónia de troca de poderes, deixou o local acompanhado da esposa.
No exterior, milhares de apoiantes de Embaló festejavam a posse.
Primeiro-ministro fala em "atitude de guerra"
Antes, o primeiro-ministro Aristides Gomes escreve na sua página de Facebook que estava “em curso golpe de Estado no país patrocinado pelo Presidente cessante José Mario Vaz”
O chefe do Executivo esteve reunido esta manhã com representantes da comunidade internacional, o grupo chamado P5.
“É uma situação grave para o processo de constituição das instituições do reforço do Estado de direito no nosso país. É um precedente muito mau, uma atitude de guerra, se quiserem… A partir do momento em que nessa matéria predomina a decisão unilateral quer dizer que se escreve numa perspetiva de conflito”, advertiu Cassamá.
Ausentes da cerimónia estiveram os juízes do Supremo Tribunal de Justiça e membros do Governo.
Presente esteve o presidente do Tribunal de Contas, Dionísio Cabi.
VOA – 27.02.2020