Pouco mais de 7 mil moçambicanos regressaram a Moçambique nas últimas 48 horas, devido ao confinamento decretado na África do Sul. Não obstante serem potenciais doentes assintomáticos não foram testados ao covid-19 pelas autoridades de Saúde. “Neste momento, e segundo aquilo que é a recomendação da Organização Mundial da Saúde, a utilização dos testes se limita a qualquer um de nós que apresente sinais ou sintomas sugestivos de infecção”, esclareceu a Directora Nacional de Saúde Pública que actualizou para sete o número de infectados pelo novo coronavírus em Moçambique, enfatizando que “apresentam uma sintomatologia ligeira e estão em isolamento domiciliário”.
A Dra. Rosa Marlene, revelou nesta quinta-feira (26) que “ao nível do Instituto Nacional de Saúde, até à data de hoje, foram testados 98 casos suspeitos, dos quais 21 foram testados nas últimas 24 horas. Dos novos casos suspeitos testados, 19 revelaram-se negativos e 2 foram positivos para o coronavírus”.
“É importante sublinhar que estes novos casos apresentam uma sintomatologia ligeira e estão em isolamento domiciliário de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde”, enfatizou a Directora Nacional de Saúde Pública.
O @Verdade apurou que um dos novos doentes é de um indivíduo do sexo masculino com mais de 40 anos de idade, de nacionalidade francesa, residente na Cidade de Maputo, que regressou de França na primeira quinzena de Março. O outro infectado é um indivíduo, igualmente, do sexo masculino, com mais de 40 anos de idade, de nacionalidade moçambicana, residente na Cidade de Maputo, que retornou de uma viagem à Inglaterra, na primeira quinzena Março corrente.
Dentre os 21 casos suspeitos testados nas últimas 24 horas o @Verdade apurou que um é uma criança, outro um adolescente e os restantes adultos. Grande parte dos casos suspeitos testados são cidadãos moçambicanos mas apenas um esteve em contacto com um infectado pelo covid-19.
Segundo a Dra. Rosa Marlene actualmente as autoridades de Saúde estão a acompanhar com atenção 88 indivíduos que tiveram contactos com os infectados pelo covid-19 em Moçambique.
1.806 moçambicanos que vieram da África do Sul não receberam instruções para ficarem em quarentena domiciliar
Entretanto esta semana milhares de moçambicanos, imigrantes legais e ilegais na África do Sul, começaram a retornar à casa na sequência da decisão do país vizinho entrar em confinamento nacional de três semanas como forma de controlar a propagação do novo coronavírus que até esta quinta-feira (26) tinha infectado 927 pessoas. No entanto o jornal Mail & Guardian projecta que até ao início de Abril os doentes do covid-19 poderão ultrapassar os 4 mil e o pico da pandemia poderá não ter sido atingido.
O Serviço Nacional de Migração precisou ao @Verdade que quarta-feira (25) entraram pela fronteira de Ressano Garcia 1.806 moçambicanos. Até as 17 horas desta quinta-feira (26) pelo menos 5.415 moçambicanos tinham cruzado a fronteira vindos da África do Sul. Na sua maioria são mineiros.
O @Verdade questionou a Directora Nacional de Saúde Pública que medidas foram tomadas tendo em conta que muitos podem ser doentes assintomáticos. “São cidadãos nacionais, que tem todo o direito de regressar ao país, o que nós estamos a fazer ao nível das fronteiras é reforçar as equipas, não só do Ministério da Saúde mas também da Migração, o que permite no mínimo saber o historial daqueles cidadãos que tem de ficar em quarentena onde é que vão”.
“É verdade que são cidadãos um pouco dispersos, o nosso país é assim mesmo, temos de fazer um esforço maior, trabalhando com as direcções provinciais onde os cidadãos vão para fazermos o seguimento. A maior parte dos nossos concidadãos que vem da África do Sul vão para as províncias de Maputo, Gaza e Inhambane”, argumentou a Dra. Rosa Marlene.
Porém o @Verdade descortinou no Boletim diário de vigilância de covid-19 publicado pelo Ministério da Saúde que no dia 25 de Março estavam em quarentena domiciliar de 14 dias 663 viajantes e que no dia 26 de Março esse número aumentou para apenas 1.216 cidadãos que após cruzarem todas as fronteiras ficaram casa. Portanto os 1.806 moçambicanos que vieram da África do Sul no dia 25 de Março não receberam sequer instruções para observarem a quarentena obrigatória.
Confrontada pelo @Verdade se todos os moçambicanos regressados da África do Sul não deveriam fazer o teste do covid-19 a Directora Nacional de Saúde Pública admitiu que: “Infelizmente, neste momento e segundo aquilo que é a recomendação da Organização Mundial da Saúde, a utilização dos testes limita-se a qualquer um de nós que apresente sinais ou sintomas sugestivos de infecção. Para os cidadãos que não tenham sintomas sugestivos de infecção não está indicado o teste”.
@VERDADE - 27.03.2020