A evolução política da Frelimo desde 1984, data da assinatura do acordo de Nkomati com a África do Sul, das primeiras tentativas de negociar com a Renamo o !m da guerra em Moçambique e dos primeiros contactos do governo moçambicano com o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, criou um certo embaraço aos numerosos investigadores que vinham analisando e teorizando a “transição socialista” em Moçambique1. De facto, como explicar a falência da “experiência socialista” moçambicana, a aplicação de um “programa de ajustamento estrutural” a partir de 1987, o abandono do “marxismo-leninismo” no 5º Congresso da Frelimo (1989) e a elaboração de uma nova Constituição (1990) prevendo o estabelecimento de um sistema político multipartidário?
Hoje, torna-se claro que as explicações destes autores sobre as di!culdades que a Frelimo teve que enfrentar desde a independência, invocando por um lado factores externos como a situação internacional desfavorável e mais particularmente a acção de desestabilização económica, política e militar promovida pelo regime sul-africano e, por outro lado, factores internos como os “erros” da Frelimo, particularmente em termos de política rural, mas também o surgimento de uma camada burocrática usando a sua posição dentro do aparelho estatal para bloquear a acção da liderança revolucionária do partido, não são su!cientes para dar uma interpretação consistente da realidade do processo moçambicano.
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