A ora generalizadamente chamada “guerra colonial” teve na História Contemporânea um significado de destaque na memória e no imaginário português, excedendo largamente o campo estritamente militar e inscrevendo-se na sociedade numa perspectiva global: a actividade politico-diplomática, os movimentos sociais, as repercussões económicas e o próprio destino do regime vigente até 25 de Abril de 1974.
Com este livro que se insere numa colecção sobre as Batalhas de Portugal e versa a guerra em Moçambique entre 1964 e 1974, não é nossa intenção analisar a história das campanhas em Moçambique, no período em apreço, na perspectiva das Forças Armadas Portuguesas. A análise de vasta documentação oficial e a recolha de depoimentos de algumas personalidades permitiu-nos, sim, facultar uma visão original da génese, desenvolvimento e condução da Guerra não só no aspecto militar, mas enquanto problema político e social; pelo que o campo de actuação das Forças Armadas é analisado numa óptica em que se tenta demostrar o grau da sua importância no combate da contra-subversão, que é, em última análise, uma luta política. Assim, o papel daquelas não consistiu em procurar assegurar apenas a vitória no campo militar, mas sim ganhar o tempo necessário para que o confronto fosse solucionado politicamente.
Esta abordagem, apesar de poder ser considerada parcelar, procura descrever o modo como Portugal definiu e analisou a situação, destacando sobretudo a “resposta possível” ou as iniciativas portuguesas face à subversão, para a afirmação da soberania, exercendo acções oportunas, internas e externas.