MARGINALIZAÇÃO DOS PEQUENOS PRODUTORES
2.1 Breve enquadramento e políticas/estratégias
Os pequenos produtores foram, sistematicamente, secundarizados ou mesmo marginalizados. Imediatamente após a independência, e num ambiente de implantação radicalizada da socialização do meio rural, pode-se ler em Mosca (2011:84): “As críticas fundamentam-se, principalmente, afirmando que o apoio à produção agrária de pequena escala fomentava o desenvolvimento da produção individual, cujos camponeses se poderiam transformar em capitalistas, tal como acontecera com os kulaks em alguns países africanos. Este apoio chegou a ser considerado reaccionário, conforme refere Negrão (2001: 57). Segundo Casal (1991: 64), estas críticas surgiram também do mais alto órgão do8 Partido em 1978: o relatório do órgão máximo da Frelimo entre duas reuniões do Comité Central da FRELIMO, na sua 4ª sessão, “chama à atenção para os ´desvios chauvinistas dos socialismos específicos´, rejeitando a ideia de que possa existir um socialismo africano ou um socialismo moçambicano”.
No contexto de então, e segundo a concepção teórica aplicada de forma radical na ex-URSS leninista (que a famosa Nova Política Económica – NEP procurou corrigir) e a composição de classes numa sociedade socialista, os camponeses eram considerados uma classe social em transição para operários agrários, tanto nas cooperativas como nas empresas estatais. Portanto, a prazo, deixaria de haver camponeses individuais proprietários de terras e de meios de produção (capital). Os camponeses eram considerados individualistas em sistemas políticos assentes no paradigma colectivista.
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