São às centenas as famílias oriundas das vilas distritais de Mocímboa da Praia e Quissanga, recentemente tomadas por horas pelo grupo ‘Sem Rosto’, desembarcam na capital Pemba, de Cabo Delgado. São maioritariamente famílias que levam consigo os bens, na certeza de que não será para breve o retorno às suas casas, para isso dependendo, nas cercanias de Pemba, da boa vontade de algumas famílias.
Outras famílias, porém, preferem dar seguimento ao êxodo, desse modo, rumando com destino à província vizinha de Nampula.
As autoridades locais de Maquetequete, principal ponto de destino, desdobram esforços no sentido de acomodar entre idosos, jovens e crianças, obrigadas a abandonar Mocímboa da Praia e Quissanga na sequência de ataques armados ocorridos na semana passada, segunda e terça-feira. Para atingir Pemba, as pessoas viajaram em barcos, que invariavelmente se apresentados lotados, quase a rebentar pelas costuras, perante tamanha procura.
O grupo dos ‘Sem Rosto’, contra todas as previsões, invadiram inicialmente a vila de Mocímboa da Praia, tendo assaltado dois bancos, Millennium bim e BCI, que depois lutaram por invadir os cofres ainda roubaram dinheiro.
Nos quartéis da polícia, tanto numa quanto noutra vila distrital, os atacantes roubaram material bélico e içaram a bandeira preta.
Mas foi em Quissanga que pela primeira vez volvidos mais de dois anos de acções bélicas, que disseram lutar em prol da implantação do Estado Islâmico em Cabo Delgado.
Os ataques da semana passada levaram, no imediato, a Mocímboa da Praia, os ministros Amade Miquidade (Interior) e o da Defesa Nacional, Jaime Neto.
Desde o duplo assalto, nenhum membro do executivo se expressou particularmente acerca do pronunciamento do grupo armado, depois de um largo período em que o presidente Filipe Nyusi ter publicamente exigido que aqueles não só dessem a cara, como dissessem o que realmente pretendem com os ataques sanguinários.
No primeiro pronunciamento de Filipe Nyusi depois daqueles ataques, foi parco em palavras, desse modo desfraudando as expectativas da opinião pública que diante no empossamento dos membros do Conselho Nacional de Defesa e Segurança (CNDS) no mínimo se esperava que o comandante chefe das Forças de Defesa e Segurança (FDS) tecesse pronunciamentos envolto dos últimos acontecimentos.
Bernardino Rafael e um seu subalterno, no comando geral da polícia, foram os únicos que rapidamente reagiram ao momento invulgar que precisamente nesse momento acontecia em Mocímboa da Praia, para nunca mais voltarem a dar cara, mesmo depois de terem prometido voltar à carga.
O êxodo em massa das populações de Mocímboa Praia e Quissanga, desmente a versão segundo a qual, os residentes das duas vilas eram pró-atacantes, em disfavor das forças governamentais.
Uma outra corrente defende que o aparente carinho populacional aos ‘Sem Rosto’ era pura e simplesmente a melhor estratégia de fingir as populações estarem com os assaltantes quando não passava de auto-defesa, por instinto.
EXPRESSO – 31.03.2020