Quase 200 portugueses e 30 empresas estão a trabalhar e a investir em Cabo Delgado, disse hoje à Lusa fonte diplomática, após encontros naquela região rica em gás natural, mas afetada por ataques armados.
“A melhor forma de combater a insegurança, seja ela qual for a motivação, é investir. Os empresários e trabalhadores portugueses estão a contribuir ativamente para isso”, referiu Maria Amélia Paiva, embaixadora portuguesa em Moçambique.
A diplomata visitou Pemba, capital de Cabo Delgado, na segunda e terça-feira, e manteve diversas reuniões com a comunidade portuguesa e autoridades locais.
A embaixadora citou o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, que durante uma visita a Moçambique, em janeiro, defendeu o investimento nas regiões como forma de as desenvolver e assim contrariar ações de destabilização.
Há indicação de 183 portugueses em Cabo Delgado, registados no Consulado-Geral da Beira (que tem jurisdição sobre a província de Cabo Delgado), sendo a grande maioria trabalhadores, incluindo empresários, a par de 30 empresas lusas.
“A situação de segurança vivida em Cabo Delgado é, dentro da ação normal diplomática, acompanhada por Portugal”, com atualizações no Portal das Comunidades, acrescentou a embaixadora.
Maria Amélia Paiva ouviu ainda “preocupações que são naturais numa situação de distância”, dado que Pemba está a quase dois mil quilómetros de distância da capital, Maputo, onde se encontra a embaixada portuguesa, e a mil quilómetros da Beira, onde se encontra o consulado-geral.
“A visita visou garantir à comunidade portuguesa a disponibilidade para uma reunião mais próxima e articulada com os serviços do Estado português em Moçambique”, sublinhou.
Da parte das autoridades moçambicanas, “foram feitas menções ao reforço da cooperação nalgumas áreas, nomeadamente na área da Educação e Ensino Técnico-profissional”.
“Esta é uma matéria que Portugal considera da maior importância, incluindo em Cabo Delgado, onde já apoiou financeiramente o Instituto Agrário de Bilibiza”, gerido pela fundação Aga Khan, e recentemente alvo dos ataques armados que atormentam a região desde 2017.
A província de Cabo Delgado tem sido alvo de ataques de grupos armados que organizações internacionais classificam como uma ameaça terrorista e que em dois anos e meio já fez, pelo menos, 350 mortos e afetou 156.400 pessoas com perda de bens ou obrigadas a abandonar casa e terras em busca de locais seguros.
LUSA – 04.03.2020