Por Francisco Nota Moisés
“A velocidade com que a insurreição moçambicana vem crescendo nos últimos meses pode vê-la invadir o solo sul-africano” (Expresso, 23.04.2020).
Assim escreve o jornal português de Lisboa reportando o tilintar de sinos de alarme em Pretória devido ao crescimento da insurreição armada no Norte de Moçambique. O jornal diz também que o presidente sul africano Cyril Ramaphosa anda irritado por o presidente Felipe Nyusi ter contratado a organização do tal “matador” Dyck enquanto tinha nas mãos o pedido do Nyusi mendigando ajuda militar sul africana contra os insurrectos moçambicanos.
Apesar de certas fraquezas na democracia sul africana, o regime de Pretória é uma democracia, obviamente não se deve compara-la com a democracia portuguesa. Portugal é um pais democrático do Ocidente, apesar de lá também haver corruptos na administração, um deles antigo primeiro ministro na prisão.
Lá estive em Março de 1982 e ninguém fez me parar nas ruas ou onde fosse que fosse para exigir que eu lhes mostrasse a caderneta do indígena. No estilo tipicamente português, as pessoas eram muito amigáveis e sorridentes, com alguns negros e negras a me chamar “patrício.” Pensei que eles queriam mendigar por me verem como um patrício que queria dizer aristocrata na Itália dos romanos da Antiguidade.
O certo é que naquele tempo eu não era patrício de ninguém e muito menos dos cabo verdeanos que gostam de chamar patrício a qualquer negro que eles veem em Lisboa. Isto não e por nenhuma maldade com os cabo verdeanos por causa da hediondade do tal mortal Marcelino dos Santos ter sido um cabo verdeano. Eu não tinha pátria. Era procurado pelos adamastores do regime maputense que me queriam vivo ou morto nas suas mãos antes do navio do generoso Canadá apareceu no alto mar antes de eu afundar e me disse: de certo que sabemos que você é boa gente, bem lido e intelectualíssimo, mas um sem estado “Stateless” como vinha escrito no visto da minha aceitação para o Canadá do qual sou agora um fiel, respeitoso e orgulhoso cidadão.
Em principio, o Canadá quer que os seus novos cidadãos deixem de se preocuparem com os assuntos políticos dos seus países de origem. Mas como uma grande democracia, não tem jeito-maneira de me dizer que você não deve abrir a sua boca sobre os assuntos de Moçambique. Obviamente, não tenho nenhum interesse no Moçambique da Frelimo que me considera não cidadão, e mesmo não moçambicano, visto que Moçambique é propriedade deles e lhes pertence.
Divaguei para entreter os leitores e fazer rir as pessoas.
Regressando ao assunto dos Catanadores do Norte, a sua insurreição cresceu como eu, como um curandeiro de visão potente e certeira e possuído por espíritos poderosos, vinha predizendo, a ponto de ela ter derrotado os ingleses deste mesmo tal Dyck que esteve em Cabo Delgado antes do Nyusi preferir os russos que saíram a correr gritando nyet, nyet, nyet ( não, não, não) a situação de guerra depois deles terem sido catanados pelos rebeldes.
Nyusi inventou todo o tipo de estorietas para desqualificar os rebeldes que demonstraram o espírito de prontidão combativa que ele e o seu conterrâneo Salvador Mutumuke alegavam que os seus homens armados que aterrorizam os civis em Cabo Delgado tinham. Mas os seus combatentes não fazem nada mais do que correr e fugir para as matas, apavorados e gemendo com medo.
A Africa do Sul não deve se preocupar que depois de destronarem o regime maputense, os rebeldes, que não serão apenas do Norte, invadirão a Africa do Sul. Eles não são doidos. Combater a Africa do sul no seu próprio território não será como lutar contra os barrigudos e as barrigudas do Nyusi em Cabo Delgado onde eles gozam do apoio popular contra os barrigudos armados da Frelimo que eles consideram de novos colonialistas. Os rebeldes moçambicanos, sendo eles os do Norte ou os do mano Mariano Nhongo, ou coligados, não terão nenhuma intenção de atacar países vizinhos.
A Renamo não fazia incursões na Tanzânia apesar desta ter seus soldados que apoiavam o regime comunista da Frelimo, nem no Malawi para onde fugiam soldados derrotados da Frelimo saídos de Angónia, Mutarara e Milange e doutros pontos ao longo da fronteira comum. A Renamo respeitava a Zâmbia para onde fugitivos militares da Frelimo também iam.
Houve alguns ataques da Renamo no Zimbabwe sim, mas aquilo não foi uma campanha militar.
Quando estava na Suazilândia, segundo The Times of Swaziland, o jornal principal de Mbabane, aconteceu um dia, quando em perseguição de soldados da Frelimo, os combatentes da Renamo entraram dentro dum quartel da Suazilândia (agora Emaswazini) e lá atacaram os fugitivos militares da Frelimo e saíram de regresso a sua base em Moçambique depois de alguns minutos, deixando os soldados suazis enterrar os mortos das FPLM (forças populares da libertação de Moçambique) e prestar auxilio medico aos feridos.
Fugitivos militares das FPLM misturavam-se com refugiados moçambicanos nos campos de refugiados que o regime do apartheid tinha estabelecido no seu território para albergar aqueles que fugiram da guerra civil dos 16 anos.
O certo é que os moçambicanos que não querem a Frelimo não querem guerras com nenhum país vizinho. Eles não tem esta visão nem tem estômago para isto. Pelo que a Africa ado Sul não devia se preocupar neste sentido. Que ela deixa os moçambicanos se combaterem e resolverem as coisas à sua maneira.