O trabalho que hoje publico acerca da minha administração em Moçambique não está por certo fadado a causar sensação; faltam-lhe para isso todos os dados. Primores de estilo, descrições empolgantes, ninguém as pode esperar de quem nunca fêz profissão de escritor: conto o que vi, exponho o que penso, justifico o que fiz, sem preocupações de redacção e com a ambição única de ser claro, conciso e absolutamente verdadeiro.
Não o publiquei para criar fama de literato e menos ainda na intenção de me defender de quaisquer ataques que tenham dirigido à minha pessoa, nem tão pouco pretendo agredir alguém. De facto, poucas culpas tem, na maneira como as coisas correm em Moçambique, qualquer indivíduo isolado; a culpa é do sistema que se tem seguido, reflexo do sistema de administração e governo que tão maus resultados tem tido na metrópole.
É contra ele, portanto, que me insurjo.