Por Major Manuel Bernardo Gondola
Hoje por razões de auto-estima vou apresentar para vocês um livro semelhante àquele de «Malcolm Little». «Malcolm Little» era um líder negro americano, ele era muçulmano, tinha a mentalidade de fazer uma Nação do islã dentro dos Estados Unidos onde os negros poderiam governar-se a si mesmos e não ter nenhum contacto com brancos, por isso que ele teve uma vida muito difícil e como sempre os negros naquela época tinham uma vida difícil devido a segregação.
Seu pai foi morto por membros da [ku-klux-klan] ¹ foi separado da sua mãe e levado para o orfanato.
Um dos aspectos, que eu gostaria de destacar na história de «Malcolm Little», em comparação com a história, que vou indicar para vocês neste livro é que «Malcolm Little» no seu primeiro pensamento, na sua primeira ideia ele tinha a mentalidade de que, homens brancos e negros não teriam como viver em paz, uma vez que, muitas das vezes era necessário usar a violência e a brutalidade para que o negro pudesse se impor frente ao branco. Ou seja, ele achava que o branco na verdade era uma representação do mal.
Já este outro personagem, que eu vou indicar para vocês, ele viveu na África do Sul exactamente no auge do «apartheid», aquele regime institucional, governamental de segregação que vigorou aqui ao lado na África do Sul, onde o Governo realmente fazia circular políticas de segregação, que oprimia o negro, isto era institucionalmente utilizado na África do Sul. Era muito difícil então, qualquer pessoa, qualquer instituição de negros irem contra esse tipo de pensamento, porque era algo instituído por lei, era lei do país era o regime governamental que estipulava isso, mas existiam uns que eram resistentes a esse tipo de segregação e/ou tipo de Governo uma dessas pessoas nós conhecemos muito bem que foi o «Nelson Mandela», chegou a ser Presidente da África do Sul e outra pessoa muito importante é essa que eu vou indicar aqui que é o Steve Biko: «A História de Líder Negro Sul-Africano».
Steve Biko foi uma pessoa que também criou-se nos guetos [subúrbios] da África do Sul, perdeu seus pais muito cedo e foi educado por padres. O Biko teve uma boa educação era o que as pessoas imaginaram na época em que viveu. Teve uma boa educação e uma excelente mentalidade era uma pessoa aguçosa [pensamento fino]. Outro aspecto de Biko é que ele diferentemente de «Malcolm Little» ele não tinha a ideia de que, mudaria a situação da África do Sul por meio da violência, através de se impor por actos violentos e brutos. Não! O Steve Biko queria vencer aquela situação pelas ideias, pela mentalidade. Mudar a mentalidade tanto dos negros quanto dos brancos. O Biko sabia que isso não seria fácil, também sabia que em certas ocasiões ele não precisaria usar da violência, mas ele precisaria se defender. Se fosse atacado ele daria de forma a altura a resposta. O Biko tinha esse tipo de mentalidade. E conforme, você for lendo esse belíssimo livro, que foi escrito por «Donald Woods», ele era um jornalista, que a princípio escrevia em seu Jornal contra o Steve Biko. O «Woods» achava, que o Stevi Biko estava incitando cada vez mais a violência; a luta entre negros e brancos e até que um dia uma amiga de Stive Biko foi até ao local de trabalho de «Donald Woods» e perguntou se conhecia realmente o Steve Biko. “Você conhece o Biko para estar escrevendo tudo isso a respeito dele? Olha! Procure conhecê-lo; converse com ele, e depois você tire as suas conclusões. Você; até me parece uma pessoa boa, mas você está equivocado”.
Convidado «Donald Woods» foi conhecer o Steve Biko e ficou impressionado com inteligência, a sua calma, a mansidão, a forma que o Steve Biko via a questão do «apartheid», que não era como ele imaginava. E isso teve um efeito muito poderoso sobre «Donald Woods» que ele começou então, a cada vez mais conversar, querer saber mais e até ao ponto dele se tornar um verdadeiro amigo do Steve Biko por ele conhecer realmente as suas ideias.
Nesse livro, «A Historia do Lider Negro Sul-Africano:Steve Biko», como vocês podem ver para quem tem, na parte superior do livro destacado a vermelho, inspirou um filme chamado «O Grito de Liberdade», estrelado o Dezen Washington. Então, a actuação novamente de Denzel Washington foi espectacular. Destarte, como Denzel Washington foi o actor, que interpretou «Malcolm Little» no filme ele, também interpretou o Steve Biko. O filme é bem narrado de uma forma, que agente pode dizer que buscou-se o fiel ao que o livro trata ou explica, embora retracta-se as ideias do Biko, a vida do Biko mas…, também a amizade que Steve Biko desenvolveu com «Donald Woods».
Sendo que «Donald Woods» era um branco; tradicionalmente um branco [puro], porque nós hoje encontramos pessoas com etnias de cores misturadas, miscigenação muito grande e se consideram branco como se fosse branco europeu [alemão], que nunca teve uma pessoa negra ou indiana na sua ascendência. Não! O «Donald Woods» era um branco puro e mesmo destarte, eles desenvolveram uma amizade muito forte a ponto de colocar a vida em risco pelo outro.
E vendo mais a respeito do Steve Biko no livro por meio de fotos, vocês podem observar o «Donald Woods» e Steve Biko duma conversa amena depois dê-se terem conhecido melhor eles desenvolveram uma belíssima amizade.
O Steve Biko e «Donald Woods», eles só poderiam ficar juntos e conversar da seguinte forma: o Steve Biko foi banido, aquela banição que tinha na África do Sul a pessoa era desterrada para um lugar tão distante e ele nesse lugar, só poderia estar apenas com uma pessoa de cada vez. Não poderia escrever nada, não poderia entrar em contacto com outras pessoas e se fosse para ter contacto com mais de uma, tinha que ter uma supervisão [soldado/polícia], porque ele não era permitido fazer isso a não ser que fosse membro de sua família.
Uma pessoa de fora, era uma de cada vez e Biko sabia, que também existiam microfones, que estava sendo vigiado o tempo todo. Se ele quisesse conversar alguma coisa diferente ele tinha que o fazer com muito cuidado o que ia falar. A qualquer momento a casa dele poderia ser invadida, vasculhada como foi várias vezes o que aconteceu. Então, Steve Biko sofreu esse tipo de banimento justamente para não influenciar a mente de outras pessoas, tanto negros como brancos.
Mas, mesmo destarte, «Donald Woods» e Steve Biko desenvolveram uma boa amizade. O Biko como é desse esperar ele seguia isso a risca. Havia momento, que ele escapava, visitava amigos no gueto, e ele demonstrava para seu amigo «Donald Woods» algumas situações que aconteciam na África do Sul, dava até mesmo discursos em Estádios, num lugar que tinha uma grande multidão de negros em que haveria ali uma partida de futebol, do nada ele aparecia e dava um discurso relâmpago e…,fugia de novo.
Podemos ver por meio de fotos nesse livro, um Biko bem trajado e a própria expressão facial de Biko é diferente de algumas fotos, que podemos encontrar de «Malcolm Little» quando ele tinha aquela mentalidade de ter um país islã e separado. A própria visão do rosto da feição do «Malcolm Little» era uma visão mais amargurada, mais dura. E a do Steve Biko agente pode ver que é mais manso, uma mentalidade ou seja uma expressão facial mais amistosa, mas nem por isso, as suas ideias eram mais fracas do que a de «Malcolm Little». Tanto que «Malcolm Little» depois muda sua opinião e Steve Biko era manso, uma pessoa de fácil trato, mas firme e muito firme nas suas convicções a ponto de morrer por elas.
Há um aspecto, que «Donald Woods» reporta nesse livro, que aconteceu na África do Sul, que foi o massacre do Soweto. Soweto era uma favela [subúrbio], mas não era uma favela como agente conhece hoje, não! Era muito muito pior e eu fiquei esclarecido de ver pelas imagens e fotos e pelo filme, que era muito triste. Muito era complicada a vida dos negros no Soweto. Lá em Soweto houve uma ocasião que principalmente as crianças e jovens fizeram uma marcha, uma passeata não estavam armados não tinham paus, não tinha pedras; não tinham nada! Eles estavam fazendo uma manifestação pacífica, porque eles queriam que nas escolas não fossem mais ensinado para eles a língua africâneres, que era a língua usada pelos brancos que dominavam na África do Sul.
As vezes até poderia ser ensinado o africâneres na África do Sul, mas que ensinassem, também para eles principalmente a língua materna. Eles estavam ali reivindicando isso. O que é que aconteceu! O Exército, Polícia foi enviado com carros, metralhadora, blindados para cercar essa manifestação de praticamente jovens e crianças para que eles não fossem para a cidade, e as crianças e jovens foram gritando palavras de ordem e até que ao ponto um dos soldado deu um tiro, e ele ao dar o tiro quando começou a confusão e os soldados avançaram. E aí nós podemos saber o que aconteceu. Eles mataram, bateram, metralharam, deram tiros para tudo e todos, passaram carros por cima das crianças e jovens. Um ódio totalmente indiscritível que eu não consigo entender..
As pessoas caídas no chão, todos correndo, fugindo e não precisava dessa brutalidade, mas eles continuaram perseguindo, batiam-nas e espancavam-nas muitos até a morte.
E Steve Biko, até foi acusado de ser um dos incentivadores dessa manifestação, que depois foi considerada pelos africâneres como uma manifestação violenta, que os negros é que partiram para cima e que depois precisaram ser contidos. Meia volta acontecia isso. Havia claro alguma parte de negros, que tinham uma mentalidade revolucionária, de pegar em armas partir para violência e Steve Biko como tinha uma influência muito grande sobre todos os negros, eles às vezes colocavam tudo para cima do Biko acusando-o de estar envolvido na manifestação ou tentativa de revolução para prende-lo e silencia-lo. Mas, ele muitas vezes conseguia se livrar disso.
Uma dessas ocasiões é até simbólica é muito interessante. Porquê! Aqui no livro na página [172] mostra para nós, que ele estava sendo interrogado e acusado de fazer parte de um movimento que estimulava a violência na África do Sul. Então, a interrogadora e advogados interrogando o Steve Biko disse, destarte: «porquê que você procura o confronte?» Pergunta a Biko. E o Steve Biko respondeu: «não! Não é nada de errado com confronto em si». É claro, que a interrogadora esfregou as mãos dizendo; agora vou aperta-lo e apanha-lo. E a interrogadora continua: «O confronto leva a violência! Você aprova a violência?» E o Steve Biko de forma calma e tranquila responde: «não! O confronto não leva necessariamente a violência».
Olha como Steve Biko era inteligente e chegou mesmo a humilhar a interrogadora: «você e eu estamos nos confrontando e não existe violência». Perceberam a inteligência e o pensamento fino, a forma sagaz e espectacular, que Steve Biko respondeu à interrogadora.
Que não! Que o confronto não era uma violência. Não! Na mente da interrogadora como é que não leva a violência! Claro, essa é a primeira ideia, eu e você agora estamo-nos confrontando e não estou vendo violência, mas sim o confronto de ideias, de pensamento não necessariamente não precisa ter violência. Era isso, que o Steve Biko argumentava. Ele, realmente confrontava a ideia, que os africâneres tinham de governar o país naquela forma racista que existia na África do Sul, mas era um confronte de ideias era nesse tocante que o Biko queria mudar a condição da África do Sul. Era no confronto das ideia ou seja respeitar as ideias dos africâneres, dos brancos, mas que as ideias dos negros, também fossem respeitadas a ponto de eles chegarem a um denominador comum e viver numa forma tranquila e pacífica. Essa era a ideia que o Steve Biko gostaria que existisse na África do Sul.
Para isso, o Biko queria mudar a mentalidade não só dos africâneres e brancos; que vocês não podem ver mais no negro como uma raça inferior, vocês não nos podem tratar como se não merecêssemos ser como iguais. Não! O Biko queria que os negros mudassem a sua maneira de pensar e de ver a si próprios. Por isso, que o Steve Biko dizia: ser negro isso, ele colocava para os negros; não é questão de pigmentação ou da cor. Ou seja, você não é negro, porque nasceu negro. Ser negro é reflexo de uma atitude mental se considerar negro. Se ver negro ter orgulho de ser negro. Essa era a ideia de Steve Bico.
Ele dizia; para quê que eu vou ter vergonha de ser negro! Eu não posso pensar que por ser negro eu sou menor, inferior a qualquer que seja, também não posso pensar que sou superior. Não! Igual. Sou negro e sou igual a você; mesmos direitos mas sou negro. Eu tenho que ter orgulho não da minha pele só, da minha cor só, mas da minha cultura, da minha forma de pensar, do meu modo de agir. Era isso que o Steve Biko queria que os negros pensassem e que, para isso eles não precisavam se impor por meio da violência. Não! Mas, sim! Pela postura, pelas ideias, pela sua cultura, pela sua maneira de agir. Não existiria opressão no mundo nenhum, que mudaria a sua mentalidade cultural. É isso que o Steve Biko pensava.
O africâneres, o asiático, seja quem quer que seja, poderia prende-lo, espanca-lo, levalo à morte nem por isso ele deixaria de ser negro; nem por isso ele deixaria de ter o orgulho de ser negro e de pertencer a cultura negra. Era destarte, que Steve Biko se sentia e era destarte, que queria que os seus também pensassem, mas que isso não fosse; «que háaaa…., nós somos superiores a brancos». Não! Nesse aspecto ele diria, que os brancos estão certos quanto nesse aspecto eles se consideravam destarte. Quando eles dizem somos brancos tem orgulho, e não é mau e os negros não poderiam se sentir: “háaaa sou negro”. Sou negro si…, com muito orgulho era isso, que eles deveriam pensar. A minha cultura ela é rica, nós temos uma cultura forte é claro que ser rebaixada, o racismo, a ironia, não deveria ser aceite, mas deveria ser confrontada com ideias, com boas respostas, com lógica, com raciocínio, destarte, como ele fez no tribunal.
Então, se você é adepto da violência, como se concedera, um selvagem! Não espera aí. Nós estamo-nos confrontando não pela violência. Não atacou a pessoa, mas demonstrou logicamente que o raciocínio dele[a] que estava errado, se ele[a] pensasse bem nem todo o confronto gera violência.
Então, e história do Steve Biko é muito bonita é muito bonita mesmo e àqueles que desejarem as vezes, porque não tem condição de encontrar o livro ou de compra-lo, embora não é tão difícil de encontrar e não é tão caro como outros que os vi, mas existe o filme para vocês perceberem que como o ator, ou até os atores que fizeram o filme um deles sendo o protagonista Denzel Washington, pode ter certeza de que é um excelente filme e recomendo vivamente a assistirem.
E toda vez, que eu vejo esse filme eu chego a arrepiar porque nós hoje vivemos tanta intolerância, tanta maldade na história humana, e nós vemos isso na história que isso acontecia na época da história medieval, nas cruzadas, na inquisição, nos bárbaros, na, primeira guerra mundial, na segunda guerra mundial, e não é destarte, nós vemos isso todos os dias. Todas as cidades e nas vilas por esse mundo fora pessoas intolerantes, lares, pais intolerantes e filhos ingratos.
Enfim…,é muito triste, isso que estamos vivendo hoje e é necessário uma reflexão profunda, uma atitude mental como diz o Steve Biko, «não só dos negros mas de todos nós». Até outro dia!
n/b:
¹Ku-klux-klan; organização racista e terrorista americana. Foi criada em 1865 pelos plantadores do Sul para tornar inoperantes os direitos civis reconhecidos aos negros depois da abolição da escravatura. Um Documento de qualidade impressionante indica, que mais tarde, os monopolistas americanos utilizaram o Ku-klux-klan, não só para
perseguiu e reprimiu negros, mas também para molestar os militantes do movimento operário e, em segundo lugar os comunistas.
Manuel Bernardo Gondola
Em Maputo, 03 de maio 20[20]