Por ten-coronel Manuel Bernardo Gondola
Quero começar por juntar-me ao orgulho, a importância e a «relevância» da independência nacional e de alguma forma a independência nacional vem significar para nós nova geração desafios, compromisso e um legado que é preciso preservar.
E, quando falo em desafios, o primeiro grande desafio nos próximos [45] anos é mantermos a paz e mantermos a reconciliação nacional, acreditando todos que as questões de reconciliação nacional não se restringem aos políticos e que devem abranger as famílias, as comunidades e as aldeias nas partes mais recônditas de Moçambique.
Da mesma forma, quando me refiro à reconciliação nacional, me refiro a «paz social», a prosperidade das pessoas, as políticas públicas inclusivas, reforma das Instituições do Estado e sobretudo nas ampliações dos espaços e formas de participação formais/informações, ou seja, o fortalecimento da democracia, porque todos nós somos sempre «tentados» a pensar, que a reconciliação é uma meta. Não! Não é uma meta, quer dizer, um bem adquirido e que ele por si só… poderá existir sem que façamos qualquer esforço. E, eu acho, que nós todos devemos ter a «consciência e a noção» de que, cada um de nós pessoalmente e os autores institucionais devem dar o seu melhor [máximo] para preservar um bem, que é de todos os moçambicanos. A paz.
Por isso, Moçambique deve «ingressar» nos próximos [45] anos como um país pacífico e seguro, pois é indiscutível que a experiência dos últimos [45] anos não deixa a menor dúvida de que, somente em condições de «paz efectiva» é que o nosso país e os moçambicanos, podem realmente concentrar os seus esforços na solução dos problemas económicos tão complexos com que se defrontam.
Destarte, um dos grandes desafios, que nós temos nos próximos [45] anos até para a reconciliação é trazer o discurso de justiça, da fraternidade e principalmente de tolerância. Esta é uma das questões principais nos próximos [45] anos.
Sabemos, que a paz é fruto de contradições profundas existentes no seio da nossa sociedade e eu acho, que um dos nossos grandes desafios para além da manutenção da paz e da nossa reconciliação, nós precisamente alterar o nosso «paradigma» de formulação de políticas públicas. Porquê! Porque só, destarte poderemos estar a altura de respondermos aquilo, que são os desafios que temos pela frente mormente: o combate a pobreza, combate a corrupção, uma educação com qualidade/qualificação para todos os cidadãos, uma economia que possa efectivamente «diversificar-se» e com isso gerar capacidade económica e riqueza para depois [re] distribuirmos para os nossos cidadãos, precisamos trabalhar em prol da saúde, precisamos melhorar o nosso sistema de justiça e portanto, eu acho passados todos esses [45] anos de independência nacional, temos uma janela de oportunidade única para «corrigirmos» muito daquilo, que não fizemos ou fizemos mal, ou, não fomos capazes de fazer por razões óbvias. Contudo, temos sabido lidar com os erros, «corrigindo» o que está mal e evoluindo para a excelência ,porque de facto os ganhos dos últimos [45] anos estão ai:
Melhoramos o nosso índice de qualidade de vida, diminuímos a nossa taxa de mortandade infantil, conseguimos ter uma taxa de cobertura escolar acima dos [60%], aumentamos o número de Universidades, aumentamos a nossa esperança média de vida, a economia cresceu mas…, nem tanto quanto gostaríamos que tivesse crescido, ainda temos uma economia que é muito [dependente] dos outros e…, portanto, me parece ainda destarte, haver aqui uma grande janela de oportunidade para que todos nós e…, quando me refiro todos nós, não é só o Governo, me refiro aos Partidos políticos, a Sociedade civil temos aqui uma grande oportunidade de [re] construir um país, que possa ser de todos um país melhor e justo para todos e…, para se viver correctamente.
E…,neste dia em que festejamos mais um aniversário da nossa independência nacional, uma visão nós temos que ter fundamentalmente aqueles, que têm a responsabilidade de governar o nosso país, que o desenvolvimento social de Moçambique vai ser determinante nos próximos [45] anos para que a estabilidade política continue no nosso país. Porquê! Porque, nós estamos a ver exemplos os conflitos que existem nos países africanos; no Congo/Záire, na República Centro Africana, no Burundí, Líbia, Sudão, Somália, Serra Leoa etc., é porque, de facto, não houve a chamada «integração nacional». Ou seja, eles passaram duma fase de reconciliação e falharam ou estão falhando na minha opinião, na chamada fase de «integração nacional» e em Moçambique, isso é possível fazer de facto, se combatermos as desigualdades sociais e assimetrias regionais ao nível do país todo.
E...enfim… de um modo geral, esta visão, eu creio que todos nós temos que ter fundamentalmente aquele, que têm a responsabilidade ou terão a responsabilidade de governar o nosso Moçambique nos próximos [45] anos.
Viva a independência nacional!
Manuel Bernardo Gondola
Em Maputo, aos [28] de Junho 20[20]
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