O partido de Peter Mutharika considera “inconclusivos” e irregulares os resultados das eleições presidenciais, realizadas na passada terça-feira, no Malawi. Os resultados provisórios do escrutínio apontam para uma vitória do seu adversário Lazarus Chakwera.
Os eleitores de Malawi foram às urnas na terça-feira, 23 de Junho, depois do Tribunal Constitucional ter decidido anular, por fraude, o escrutínio da eleição presidencial de 21 de Maio de 2019, na qual Peter Mutharika tinha sido reeleito.
Os resultados não oficiais recolhidos pela MBC (Malawi Broadcasting Corporation), televisão pública, apontam para uma vitória do opositor Lazarus Chakwera, que representa o Partido do Congresso do Malawi (MCP), com 60% dos sufrágios contra 39% para Mutharika.
Em conferência de imprensa, realizada este sábado, o Presidente Peter Mutharika afirmou que a repetição das eleições gerais foi marcada por “irregularidades”.
“Esperávamos uma eleição sem irregularidades. Infelizmente, como todos os malawianos viram, esta eleição foi a pior da história das eleições do Malawi”, disse Mutharika aos jornalistas na cidade de Blantyre.
Peter Mutharika, que representa o Partido Democrático Progressista (DPP), sublinhou ainda que os resultados comunicados à Comissão Eleitoral não são o reflexo da vontade popular. Porém, ele não pediu a organização de um novo escrutínio.
Contestando os resultados, o secretário administrativo do Partido Democrático Progressista (DPP), Francis Mphepo, alertou para “vários incidentes” que podem “afectar a integridade e credibilidade” dos resultados.
“Gostaríamos de chamar a atenção para vários incidentes que podem potencialmente afetar a integridade e a credibilidade dos resultados da eleição presidencial”, afirmou o responsável do partido no poder, num comunicado citado pela agência France-Presse.
O partido alega que houve secções de voto das quais os seus observadores foram excluídos e afirmou que mais de 1,5 milhões de votos foram marcados por “violência e intimidação”.
“Não há dúvida de que estas irregularidades e más práticas afectarão de forma substancial os resultados de uma maneira ou de outra”, precisou Francis Mphepo, para afirmar que o partido exige "uma declaração de que as eleições presenciais não foram conclusivas".
Em conferência de imprensa, o presidente da Comissão Eleitoral do Malawi (MEC), Chifudo Kachale, referiu que esta entidade está “a analisar as queixas do DPP” e que tomará “em breve uma decisão”.
Esta foi a primeira vez que o Malawi repetiu eleições. Fraudes durante as votações levaram o Tribunal Constitucional a anular o escrutínio anterior, ganho por Peter Mutharika, o Presidente em exercício desde 2014. Mutharika acusou o Supremo Tribunal de “golpe de Estado judicial”, garantindo que não ocorreram irregularidades.
Lazarus Chakwera, actualmente com 65 anos, o antigo pastor evangélico que presidiu a Assembleia de Deus do Malawi durante 24 anos, é doutorado em Teologia. O seu percurso académico passou pelo Malawi, África do Sul e Estados Unidos da América.
Desde 2013 que lidera o Partido do Congresso do Malawi, que governou o país de 1964 a 1994 sob o punho de ferro de Hastings Banda.
Políticos da oposição nos países vizinhos já felicitaram a Chakwera pela vitória, ainda não confirmada.
O PAÍS – 28.06.2020