Um dia antes do ataque terrorista e numa semana de intensa operação das FDS
Entre quinta e sexta- -feira da semana passada, foram encontrados 26 corpos, em Milamba, distrito de Mocímboa da Praia, província de Cabo Delgado. Portanto, os 26 corpos foram encontrados antes do ataque terrorista que teve lugar no sábado à vila de Mocímboa da Praia, o que significa que os cadáveres nada têm a ver com a última incursão de insurgentes àquela vila autárquica.
Esta realidade faz com que a população local coloque fortes hipóteses de os cadáveres encontrados terem a ver com as incursões das Forças de Defesa e Segurança (FDS) tidas lugar ao longo da semana passada.
A vasculha das autoridades governamentais resultou, ao longo da semana, em muitas detenções. Nisto, alguns detidos nos bairros da vila de Mocímboa da Praia não voltaram mais a ser vistos na zona, facto que adensa a suspeita de terem sido, sumariamente executados pelas FDS tudo na base de suspeitas de manterem algum tipo de relação com os grupos terroristas. Ao que o mediaFAX soube, os 26 corpos foram encontrados próximos do local em que em Março último foram, igualmente, localizados vários corpos caracterizados e relacionados aos insurrectos mortos na emboscada montada pelas Forças de Defesa e Segurança, aquando da saída do bando atacante da vila de Mocímboa da Praia, depois do ataque e ocupação da vila, em Março último.
Um residente de Milamba disse que o local da descoberta é bem próximo da ponte sobre o rio Quinhevo, a escassos quilómetros daquele bairro municipal.
Ao longo da semana, antes do ataque tido lugar sábado, as Forças de Defesa e Segurança fizeram operações interpretadas como de “limpeza” aos supostos esconderijos de insurgentes e seus protectores em vários bairros de Mocímboa da Praia.
Uma outra fonte daquela vila, um comerciante ambulante, explicou que pelas roupas foi possível reconhecer-se algumas pessoas de algumas comunidades residenciais daquela vila, o que para ele, comprova a tese de as vítimas fazerem parte dos suspeitos capturados pelas FDS ao longo da semana passada em vários bairros da vila.
Entretanto, o que a fonte não sabe aferir, com precisão, é o grau de envolvimento ou inocência dos suspeitos. Na semana passada, um residente havia dito que das várias pessoas capturadas, pelo menos 12 já haviam sido libertos. Em relação às outras, não sabia dizer o seu paradeiro. Ou seja, sustentou, fica aqui a ideia de que os que não foram libertos correspondem aos 26 corpos encontrados de quinta para sexta-feira, próximo da ponte sobre o rio Quinhevo.
Artigo co-produzido com a zitamar, no âmbito do projecto Cabo Ligado, em parceria com a ACLED.
MEDIA FAX – 30.06.2020