Centro e norte de Cabo Delgado
Apesar da ofensiva que está a ser levada a cabo pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS), pequenos grupos de insurgentes continuam a fazer vítimas em várias aldeias dos distritos do centro e norte de Cabo Delgado.
Os ataques, que muitas vezes resultam em assassinatos a sangue frio, particularmente decapitação, destruição de habitações, rapto de populares e ainda pilhagem de diversos tipos de produtos, está a obrigar que as aldeias fiquem completamente desertas.
Um dos exemplos pode ser visto nas aldeias do posto administrativo de Quiterajo, distrito de Macomia.
Fonte do posto administrativo de Quiterajo explicou que as aldeias Mitacata, Gaza, 2000, Natugo 2, Namaneco, Milamba, Pequeue, Unidade, Nguende, Malada e Ibo, estão completamente desertas. Todas os residentes fugiram à busca de pontos seguros, nomeadamente às vilas sedes de Macomia e Mocímboa da Praia, apesar de os insurgentes terem já chegado àqueles pontos, que em tempos eram considerados seguros, comparando com a situação que se assistia nas aldeias do interior.
De acordo com a fonte, um comerciante de peixe de Quiterajo, disse que apenas a aldeia Ilala é que continuava a albergar alguns residentes que, apesar do perigo pressente, tentam resistir naquela circunscrição administrativa de Quiterajo.
Ainda na semana passada, um grupo de insurgentes incendiou um dos barcos que tinham saído da ilha Quilhanhune, mas os ocupantes conseguiram escapar depois de se terem atirado ao mar. O comerciante de peixe seco, que esteve na ilha Quilhanhune, depois de fugir de Quiterajo no dia em que os insurgentes mataram 11 pessoas, disse que a ilha, igualmente, tornou-se ponto de refúgio de muitas pessoas que tentam escapar da saga assassina dos insurgentes.
Desafio de viver na ilha Quilhanhune
Além do aumento do preço dos produtos de primeira necessidade, que se assiste na ilha Quilhanhune, o grande dilema é o acesso à água potável. Actualmente, um galão de 20 litros custa entre 70 a 100 meticais cada, conforme explicou o comerciante de peixe que, na passada quinta-feira (18 de Junho), deixou aquela ilha com destino a Nangade.
Acrescentou que o barco queimado, dos cinco que foram a Quiterajo, tinham como propósito transportar água, que é uma grande necessidade dos ilhéus. A fonte acredita que os insurgentes que actuam naquela zona fazem parte dos que estão a fugir dos bombardeios na zona de Mbau, em Mocímboa da Praia, onde se acredita que as Forças de Defesa e Segurança estão a lograr bons resultados e a obrigar a fuga dos grupos atacantes para regiões que tem alguma influência. (Texto co-produzido com a zitamar news, no âmbito do projecto Cabo Ligado, em parceria com a ACLED).
MEDIA FAX – 23.06.2020