EUREKA por Laurindos Macuácua
Cartas ao Presidente da República (23)
Como vai a sua sexta-feira, Presidente (pergunta retórica esta)? Pelo que então houve mais um capim que quis crescer sozinho, desordenadamente! ? Devia , o capim, não estar prevenido. Não sabe que o dono da propriedade está sempre atento?
Exige-se aqui tamanhos e comprimentos iguais. Nada de crescer a seu bel-prazer. Cuidado! Aqui é como na Coreia do Norte. Todos os homens são obrigados a cortar o cabelo como o faz o líder, Kim Jong-un.
Nada de invenções ou tentativas de demonstrar que sabe mais do que os outros. Aqui se o Presidente da República diz que 2+2=1000, é isso e ponto final! Nada de questionamentos. Não há espaço para isso.
Aqui a inquisição, os autosde-fé, ainda reina. Foi a Frelimo, não é Presidente, que condenou Galileu Galilei por se mostrar mais sábio que os outros. Não sabiam (curioso isso, nem?)? Aqui não interessa se tem razão no que diz. A verdade é que não deve dizê-lo!
Custa entender isso Rosário Fernandes e Francisco Noa? Não sabem que o Presidente não gosta de especulações? Esses senhores, meu Presidente, não são da Frelimo. Odeiam o partido. O das massas. O libertador. O que trouxe a independência. O que expulsou o colonialismo português e ocupou-lhe o lugar.
Devem não saber quem tem o chicote agora. Ora, o Francisco Noa dá entrevistas e diz que o anúncio que o Presidente fizera sobre o regresso faseado às aulas, queria fazer experiências com os estudantes em tempos de coranavírus. Como é que ele se atreve!?
Critica o Presidente e o Governo, não sabe quem lhe dá pão? Fez bem o Presidente em exonerá-lo do cargo de reitor da UniLlúrio. Até deu-lhe algum tempo depois dessa entrevista para arrumar o que é seu: duas semanas. Agora queremos ver onde é que vai falar, não é querido Presidente?
E falta o seu cunhado, o Jorge Ferrão. Também disse qualquer coisa criticando o regresso faseado às aulas. Mas esta gente!?
Não entende que quem manda aqui é a Frelimo. Isso de livre arbítrio e blá, blá, blá, não é aqui. Aqui não queremos reacionários. Queremos todos alinhados. Todos iguais, como gémeos idênticos. Todos com mesmo peso e altura.
Desde quando um crente tem que criticar o padre, o responsável da paróquia? Isso de modernismos, de pensamento livre, não queremos aqui em Moçambique. É incitação à violência, não é Presidente?
Portanto, meu Presidente: o senhor está de parabéns por não deixar esses senhores corromperem a nossa doutrina. O senhor desempenha eficazmente a tarefa de capataz. Longa vida!
DN – 24.07.2020