Oito pessoas morreram, sete das quais decapitadas, em nova investida de insurgentes com inspiração radical em Mocímboa da Praia e Macomia, quando o grupo invadiu as sedes distritais militarizadas em busca de comida, relataram, esta quinta-feira, 30, à VOA alguns moradores.
Os dois ataques voltaram a criar pânico, forçando a população a se refugiar nas matas onde pernoita desde terça-feira.
Na noite de quarta, 29, disse um morador, um grupo “com lenço islâmicos invadiu a aldeia Tandacua”, no posto administrativo de Chai, no distrito de Macomia, tendo decapitado oito pessoas, supostamente para retirar alimentos nas barracas.
No dia anterior, cerca das 20 horas locais o grupo invadiu a vila sede de Mocímboa da Praia - que ainda se reergue da maior invasão, desde o início da insurgência 2017, tendo assassinado uma pessoa a tiro numa moagem, e roubado cabritos.
“Aqui em Mocímboa da Praia entraram duas vezes esta semana. Na terça-feira mataram um senhor, e ontem entraram mais para levar comida”, disse outro morador, que se identificou por Zunaid.
“Todas as pessoas estão no mato por medo. Aqui tem mais militares que população, mas esses ‘al-shaabab’ entram e atacam” acrescentou.
Um outro morador, explicou à VOA que durante o ataque a aldeia de Tandacua, o grupo de insurgentes apresentava-se de lenços que cobria o rosto.
"Chegaram cerca das 18 horas e muitos fugiram da aldeia. Quando regressamos, no dia seguinte, oito pessoas tinham sido decapitadas. A situação está complicada” contou o morador.
Os ataques insurgentes em Cabo Delgado iniciaram em Mocímboa da Praia a 5 de Outubro de 2017, e em dois anos e meio se estenderam por nove distritos do sul e centro, e já mataram mais de 1.100 pessoas além de forçar mais de 250.000 deslocados.
VOA – 30.07.2020