PRM desmente ingresso de grupo de estrangeiros em Sofala, conforme denuncia da presidente da Assembleia Provincial. Seria o segundo ingresso clandestino de um grupo desconhecido na região em menos de quatro meses.
A polícia em Sofala, centro de Moçambique, diz que não há entrada de "pessoas estranhas" na região de Savane, como denunciou há dias Antónia Charre, presidente da Asembleia Provincial de Sofala.
Há uma semana Charre contou que chegam pessoas a perguntar: "Onde é que fica a Beira? Onde é que é Beira?”
"Quer dizer, não são pessoas daqui, então isso nos assusta de certa medida. Por isso mesmo é que tínhamos que dizer ao próprio Governo, alertar o Governo sobre todas estas questões. Eles vêm via marítima, não são nacionais porque eles mal falam o português", alerta.
A denúncia de Charre assemelha-se a um episódio ocorrido em abril, quando foi descoberta nas proximidades da praia de Savane uma embarcação com dez tripulantes de nacionalidade paquistanesa cuja origem e a missão é desconhecida pelas autoridades marítimas e migratórias na província.
Mais tarde a mesma embarcação foi retida pelas autoridades marítimas e a tripulação detida na cadeia central da Beira, acusados de conspiração contra o Estado moçambicano.
Na altura o capitão do barco, que aparentava ser um barco de pesca, disse ter-se registado uma avaria e que estiveram à deriva no mar por cerca de dois meses quando iam salvar uma outra embarcação da mesma companhia.
Mas os argumentos não convenceram as instituições da justiça, que depois das investigações os acusaram de ter cometido o crime de conspiração contra o Estado moçambicano.
O que diz a PRM
A Polícia da República de Moçambique (PRM) deslocou-se na manhã desta sexta-feira (17.07) para o local. Segundo Marinho Muchanga, diretor da ordem no Comando Provincial de Sofala, o objetivo era apurar a veracidade da denúncia.
"Do trabalho realizado no terreno, interpelamos oito pessoas que estavam na orla marítima no seu ritual religioso. Tratavam-se sim de religiosos da igreja Zion Church".
Mas para garantir a segurança na região, a polícia afirma que tomou medidas:
"Para conferir maior segurança, sobretudo ao longo da orla marítima, nós no dia seguinte, dia quinze, montamos aqui um posto policial da Polícia lacustre e fluvial. Vamos continuar a fazer as nossas atividades rotineiras de patrulhas extensivas e dirigidas ao longo da orla marítima", assegura Muchanga.
Moradores não confirmam
A informação que consta da denúncia de Charre, no entanto, é desconhecida pela população local. Na manhã desta segunda-feira (20.07), entrevistamos residentes daquele local que dizem não ter conhecimento da entrada de estranhos naquela comunidade.
Lourenço Mavie, fiscal num Comité Comunitário de Gestão de Recursos Naturais em Savane, diz que "por enquanto nessa zona ainda não temos essa informação. Na zona está tudo bem".
Zacarias Augusto é pescador na região de Casa Partida e diz o mesmo. Augusto explica que a maioria dos cidadãos que por ali circulam é moçambicana e residente na Beira. Seriam pessoa que sempre vão ao local para comprar pescado.
"Não. Ainda não vimos essas pessoas estranhas", afirma o pescador.
DW – 20.07.2020